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Morreu o fundador da Parmalat, o empresário italiano Calisto Tanzi

Empresário esteve ligado ao futebol e à indústria e estava preso em regime domiciliário por causa do processo de falência do grupo de que foi fundador. A falência registou um buraco financeiro de 14 mil milhões de euros. Chegou a Portugal em 1993.
1 Janeiro 2022, 18h02

Uma carreira que começou na pequena empresa familiar dos arredores de Parma e que se transformou numa multinacional, e terminou com condenações e prisão por falência: o ex-patrão da Parmalat e da equipa de futebol do Parma, Calisto Tanzi, morreu este sábado aos 83 anos. Estava em prisão domiciliária e ali cumpria pena de 17 anos e 5 meses após os julgamentos pelo colapso do grupo de laticínios que fundou. Em meados de dezembro, foi hospitalizado por causa de uma infeção pulmonar.

Figura popular na cidade, Tanzi fundou a Parmalat em 1961, após abandonar a faculdade, e foi o protagonista de uma parábola que começou com o seu enorme crescimento e terminou dramaticamente com a falência em 2003 e os julgamentos que se seguiram e que lhe custaram a prisão.

A marca ganhou grande protagonismo graças ao desporto: o seu nome esteve ligado, nas décadas de 80 e 90 do século passado, ao esqui, à Fórmula 1 e depois futebol. Tanzi comprou o Parma Calcio, na altura recém-chegado à Série A, e transformou-o numa equipa capaz de

Tanzi nasceu em Collecchio em 17 de novembro de 1938. Formado em contabilidade, interrompeu os estudos com a morte do pai para o substituir na direção de um pequeno negócio familiar de queijos curados e conservas.

Tinha apenas 22 anos quando fundou a sua empresa de leite em 1961, pegando na antiga empresa familiar do seu avô e transformando-a numa multinacional com mais de 130 fábricas em todo o mundo. Expandiu para o setor alimentar, para o turismo, TV e futebol. Terá sido um excesso: segundo a definição dos investigadores, a Parmalat tornou-se “a maior fábrica de dívidas da história do capitalismo europeu”. Acumulou 14,5 mil milhões de dívidas, destruindo as economias de dezenas de milhares de investidores.

Tanzi também tinha laços com o mundo da política e das finanças, especialmente no ambiente católico conservador. Quando os problemas surgiram, tentou tapar os buracos financeiros com outras aquisições imprudentes, com um recurso massivo ao crédito.

As maiores dificuldades começaram em 1999, quando adquiriu a Eurolat do grupo Cirio, do empresário Sergio Cragnotti com o recurso a uma dívida contraída no Banca di Roma, a que se seguiu, com o mesmo patrocinador, a aquisição de uma empresa de águas minerais. Aí se deu o início da contração de dívida para pagar outras dívidas, num movimento que nunca mais conseguiu parar.

Em 27 de dezembro de 1999, Tanzi foi preso e assim começou a questão judicial, após a aventura empresarial. Em dezembro de 2010, Tanzi foi condenado a 18 anos de prisão por um crash de 14 mil milhões de euros.

Atualmente, a Parmalat é controlada pela gigante francesa Lactalis, que mantém a fábrica de Collecchio, onde recentemente foram anunciados importantes investimentos.

No nosso país, a Parmalat Portugal foi fundada em 1993, tendo nesse ano adquirido a UCAL (União das Cooperativas Abastecedoras de Leite de Lisboa).

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