Antero Manuel Guimarães da Palma-Carlos, nascido em 21 de março de 1933, médico, investigador, especialista mundial em Imunoalergologia, faleceu esta quinta-feira, 28 de março, aos 86 anos de idade, em Lisboa. Com uma vida dedicada ao conhecimento e desenvolvimento da Imunoalergologia, área na qual investigou até ao fim da vida, Antero da Palma-Carlos tinha ganho nos últimos 3 ou 4 anos um outro propósito: escrever sobre uma das suas grandes paixões: a ópera.
A todos aqueles que desfrutam da sua mesma paixão e àqueles que sofrem da ausência de um interesse que se pretende universal deixa precioso legado: a trilogia sobre a história da ópera, composta pelos títulos: “A História e a Ópera”, publicada pela Sinapis Editores, “Os Médicos e a Ópera” e “Médicos, Músicos, Maçons e Óperas”, publicados pela Ideia-Fixa.
Antero da Palma-Carlos era filho de dois vultos grandes da cultura e do humanismo: Adelino da Palma-Carlos, professor de Direito e primeiro Primeiro-ministro de Portugal após a revolução de 25 de Abril de 1974, e Elina Guimarães, jurista, escritora e ativista dos direitos das mulheres. Casado com Maria Laura da Palma-Carlos, investigadora de Imunologia, antiga coordenadora desta área na Universidade de Lisboa, e também amante de ópera, era irmão do juiz conselheiro Guilherme da Palma-Carlos, já falecido.
Do avô materno Vitorino Guimarães – antigo Primeiro-ministro da República, ministro da Guerra e das Finanças, historiador de formação – herdou o amor pela investigação histórica, segundo me confessou em 2016, numa entrevista. Honrando a tradição Republicana da família, Antero da Palma-Carlos dedicou a sua vida à causa pública e à liberdade.
Especialista mundial em Imunoalergologia, criou em 1961 a ImunoAlergologia Hospitalar e foi diretor de Medicina e ImunoAlergologia no hospital de Santa Maria. Era professor catedrático jubilado de Medicina Interna, Imunologia e Imunoalergologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Presidente Honorário dos Alergologistas Europeus “Honorary Fellow” do American College of Allergy e membro Emérito da Academia Portuguesa de Medicina. Foi presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) entre 1982/85.
Chevalier de L´Ordre National du Mérite (France), foi agraciado com a Medalha de Ouro da Universidade japonesa de Nagoya e a Medalha de Ouro da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.
Publicou mais de 800 trabalhos científicos entre 1960 e 2017. Escrevia à mão com papel e caneta, textos que depois dava a passar para o computador. Numa das muitas conversas que tivemos contou-me que escrever artigos científicos é exatamente o mesmo processo do que escrever sobre ópera. “A mesma lógica de investigação, a mesma metodologia de trabalho, a mesma depuração da escrita”, considerou o professor Palma-Carlos sobre as afinidades das duas grandes paixões imateriais da sua vida: a medicina e a ópera.
O corpo está em câmara ardente desde as 16h00 horas desta sexta-feira, dia 29, na Igreja Santa Joana Princesa, em Lisboa, efetuando-se o funeral este sábado, 30, pelas 14h15, para o Cemitério dos Olivais.
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