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Mota-Engil: “Receio de algo que não se saiba” ajudou a tombar ações para mínimos de um ano

A cotação de mercado da construtora caiu de forma acentuada nas últimas três sessões da semana passada, o que leva a crer que as participações curtas detidas pelo fundo Muddy Waters pesaram no recuo dos investidores.
10 Setembro 2024, 07h30

Na sessão bolsista desta segunda-feira, a cotação da Mota-Engil manteve-se quase inalterada, fechando com uma ligeira queda de 0,08%, para 2,502 euros, mas continua pressionada, depois de ter desvalorizado 14% em duas sessões, apesar de ter apresentado uma subida de 65% dos resultados líquidos. Outro evento marcou a evolução: a entrada do fundo Muddy Waters no capital da empresa.

A Mota-Engil apresentou resultados no dia 28 de agosto, quarta-feira, tendo dado a conhecer uma subida de 65% nos lucros do primeiro semestre, em comparação com o período homólogo, para 49 milhões de euros.

Dias mais tarde, passada terça-feira, foi sabido que a empresa estendeu o contrato que tem em Moçambique, pelo preço de 576 milhões de euros. No entanto, foi logo no dia seguinte que as ações derraparam 8%. A queda foi adensada na quinta-feira e estendeu-se também à última sessão da semana.

Pedro Oliveira, trader da Sala de Mercados do Banco Carregosa, diz ao Jornal Económico que “as quedas foram muito expressivas” e recorda que, mediante os dados apresentados nas contas do primeiro semestre, “não se estava à espera de uma reação” tão negativa quanto esta.

Em causa poderia estar um acréscimo no nível de “preocupação com o abrandamento económico a nível global e também o facto de ser uma empresa muito endividada”, assinala. Ainda assim, a temática parece ir mais além, com o fundo Muddy Waters a entrar em cena, já que conta com uma participação 0,65% desde segunda-feira da semana passada, dia 2 de setembro.

O próprio refere que a entrada daquele fundo pode ter representado um peso nas negociações em baixa, tanto de forma direta e indireta.

Ora, “não só o peso do aumento das posições curtas na negociação da ação, como a própria notícia leva, se calhar, a que muitos investidores mais pequenos, com algum receio de que essa posição do fundo tenha algo mais de mais relevante”, como seria o caso de algo que “esteja por ser anunciado, ou que não se saiba”, optem “por vender as suas ações”, reitera.

“Esse volume foi muito significativo na semana passada. Estamos a falar, por exemplo, de cerca de 6/7 milhões de transações efetuadas, numa sessão que é um volume muito acima da média para aquilo que a Mota-Engil fazia e, de facto, justifica também essa queda.

Entretanto os títulos daquela cotada mostraram estabilidade na sessão de segunda-feira (queda de 0,08%), num contexto em que “o volume de transação de ações parece estar a abrandar.” Algo que leva a crer que, daqui para a frente, “pode haver alguma estabilização das ações”, numa altura em que estão em mínimos de mais de um ano, ou seja, desde agosto de 2023.

Nos últimos seis meses, a construtora portuguesa perdeu metade do valor.

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