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Motoristas: “Temos plena consciência do poder que temos nas nossas mãos”

Numa carta aberta dirigida aos portugueses, sindicato dos motoristas de mercadorias (SIMM) diz que não deseja a greve marcada para 12 de agosto, e por isso, ao mesmo tempo que profissionais se estão a organizar para a paralisação, assegura que tudo farão para a evitar. SIMM fala em “grito de desespero” e avança que não optou pela greve mais cedo por respeito aos cidadãos.
26 Julho 2019, 15h37

Os responsáveis do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) afirmam que têm “plena consciência” do poder que têm nas suas mãos e que não utilizaram o instrumento da greve mais cedo por respeito aos “concidadãos”. Alertam que “ninguém quer saber do desgaste físico, emocional e psicológico” e para as condoções de trabalho destes profissionais que, frisam, “sempre desempenharam as suas funções com zelo e responsabilidade, ao país, à economia e aos portugueses”. E deixam, numa carta aberta, o apelo para que esta profissão seja valorizada, depois de nos últimos 20 anos  nunca ter faltado nada aos portugueses: “sempre houve combustível nos postos, alimentos nas prateleiras e abastecimento à indústria”.

Na carta aberta publicada na sua página do facebook, o SIMM assegura que tudo está  a fazer para evitar a greve marcada convocada para 12 de agosto por tempo indeterminado, que a guarda agora a definição de serviços mínimos depois da falta dos patrões e os sindicatos não terem chegado a acordo, tendo já este sindicato sinalizado que se for para a frente terá consequências muito mais graves do que a greve dos motoristas de matérias perigosas realizada no passado mês de abril.

“Caros portugueses e portuguesas, caros concidadãos, o não ter faltado nada nos últimos 20 anos, resulta da nossa responsabilidade e respeito por vós, porque nós motoristas temos plena consciência do poder que temos nas nossas mãos e se não o utilizámos mais cedo foi por respeito a vós, aqueles que verdadeiramente se quiserem inteirar da nossa profissão e dos problemas que a afectam, vão perceber que a greve do dia 12 de Agosto é um grito de desespero e revolta de 50.000 profissionais e das suas famílias e não um atentado aos vossos direitos!”, lê-se na carta.

Na sua página do facebook, o SIMM assegura: “Não a desejamos [a greve] e por isso, ao mesmo tempo que nos preparamos e organizamos, tudo faremos para a evitar”.

O sindicato dos motoristas de carga geral salienta que da parte da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) “não foi isso que se sentiu na negociação dos serviços mínimos”. Depois de acusar a Antram  que “não pára de denegrir a imagem dos motoristas e dos sindicatos que fazem frente”, acaba por questionar as expressões que, segundo o SIMM, têm sido utilizadas por parte dos responsáveis dos patrões. Identificam aqui André Matias Almeida, porta-voz da Antram, dando conta que já usou expressões como “esta greve pode durar 1 dia ou 1 mês”, questionando, por isso, o SIMM: “É caso para perguntar, quem é que se está marimbando para as férias dos portugueses?”.

O SIMM adianta, na carta aberta, que “ninguém quer saber da história dos últimos 20 anos desta profissão, ninguém quer saber da carga horária de um motorista, ninguém quer saber do desgaste físico, emocional e psicológico destes profissionais” E assegura que os motoristas ”sempre desempenharam as suas funções com zelo e responsabilidade, ao país, à economia e aos portugueses, talvez por isso não sejamos valorizados, porque nunca faltou nada, sempre houve combustível nos postos, alimentos nas prateleiras e abastecimento à indústria”.

Os responsáveis deste sindicato dizem ainda que têm assistido “a um chorrilho de disparates” acerca da luta dos motoristas. “Ou porque queremos ganhar muito, ou porque não respeitamos os direitos dos outros portugueses, sim, nós e as nossas famílias também somos portugueses, mas até hoje ninguém quis saber o porquê de estarmos a empreender esta luta, foram 20 anos, 20 anos a perder poder de compra, a vermos os nossos direitos laborais desrespeitados, a sermos coagidos a pactuar com ilegalidades (…)”, defende o SIMM, salientando que os motoristas têm sido chantageados com o pretexto da entidade patronal ser penalizada economicamente e que, por isso, são estes profissionais que pagam a fatura, nomeadamente quando vêem “a rúbrica das ajudas de custo a diminuir com descontos ilegais que de outra forma as entidades patronais só poderiam descontar com ordem judicial”.

Depois de questionar onde está a responsabilidade social, moral e fiscal das empresas e dos empresários, o SIMM faz ainda referência ao acordo falhado sobre os serviços mínimos da greve: “para quem diz que respeita os direitos dos trabalhadores e apresenta como proposta para serviços valores entre os 70% e os 100%, demonstra bem que se pudesse retirava já o único direito que os motoristas ainda têm, o direito à greve, o direito à greve é um direito constitucional”.

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