O documento foi hoje apresentado em Lisboa e dá corpo às ideias centrais do movimento “Nascidos a 5 de julho”, inspirado na Aliança Democrática de Sá Carneiro, e que se apresenta com o objetivo de “refundar” a “família não socialista”, integrando pessoas do PSD, CDS-PP e de novos partidos como a Aliança e a Iniciativa Liberal.
“Insurgimo-nos contra o imobilismo socialista e a sua conceção hegemónica de poder, que vê esse exercício como o alargamento de redes de dependência e clientelas, contra a colonização do Estado, que desvitaliza a sua autoridade, e contra a ocupação dos principais centros de decisão na sociedade, que torna o país cativo de compadrios e substitui a autonomia e a liberdade pela subserviência”, é apontado no manifesto no último dos seus dez princípios fundadores.
O documento, apresentado pelo antigo assessor político de Passos Coelho, Miguel Morgado, pela vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles, e pelo presidente da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, começa por fazer um diagnóstico da situação atual. “A direita atravessa hoje uma crise política e cultural que é evidente para todos. O perigo que a espreita não é menor do que a oportunidade que abre – refundar-se e construir-se para depois se federar”, é referido no manifesto, apontando este como o momento para “iniciar essa tarefa”. Para tal, os seus mais de cem fundadores defendem ser “urgente romper com a tutela cultural da esquerda, com a agenda que é imposta e com a linguagem ditada”.
“Já chega de fórmulas vazias como a ‘convergência com a Europa’. Basta de apelos repisados a ‘pactos de regime'”, é defendido no texto, em que se apela ao aparecimento de vozes “originais e jovens” que permitam uma discussão “entre todas as direitas democráticas”.
Em dez pontos, o manifesto enuncia os seus pontos de partida. “Partimos da livre iniciativa económica e damos primazia à economia de mercado concorrencial. E, por isso, recusamos o burocratismo e o estatismo socialistas, os pais da estagnação económica”, defendem.
Além dos princípios da “liberdade e criatividade”, os fundadores do movimento dizem-se defensores da “valorização da mobilidade social” e das “oportunidades para todos, independentemente da cor da pele que se tem, da família onde se nasceu, do bairro onde se vive, ou da terra em que se habita”.
“E, por isso, recusamos a oligarquização da sociedade que o socialismo protege com a cumplicidade dos grandes interesses empresariais”, apontam. No manifesto é recusada “a omnipresença do Partido-Estado que tudo sufoca, corrompe e quer vergar aos seus imperativos”, defendendo uma “genuína separação de poderes”, assente numa “justiça rigorosa e em reguladores verdadeiramente independentes”.
Os “Nascidos a 5 de julho” defendem que “a âncora europeia é vital para Portugal”, mas recusam “consensos transnacionalistas tecnocráticos” e “projetos de construção de um super-Estado federal europeu”. Os fundadores do movimento salientam ainda a fragilidade das estruturas civilizacionais face ao perigo da “barbárie”, dizendo “recusar a agenda política das esquerdas e respetivas experiências sociais que dissolvem tudo o que é orgânico e institucional (…), da família à nação e a sua memória histórica”.
“A tarefa de federar as direitas foi pela primeira vez consumada há quase 40 anos”, afirmam, lembrando que foi em 05 de julho de 1979 – data que dá nome ao movimento – que o PSD, o CDS e o PPM formavam a Aliança Democrática, liderada por Francisco Sá Carneiro.
Do CDS-PP estão nomes como a vice-presidente Cecília Meireles, os deputados João Almeida (também porta-voz do partido), Ana Rita Bessa e Vânia Dias da Silva ou os antigos dirigentes Pedro Pestana Bastos e Pedro Melo. Entre os fundadores do movimento 5.7, estão ainda o presidente da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, elementos da Aliança, como João Pedro Varandas, e nomes como a escritora e jornalista Maria João Avillez, o historiador Rui Ramos ou o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas.
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