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Mudança da hora: afinal, por que mexemos nos relógios duas vezes por ano?

Por que motivo adiantamos ou atrasamos os relógios? E porquê usar a Hora de Verão ou a Hora de Inverno? Tem tudo que ver com a noção ancestral de aproveitamento da luz solar.
24 Outubro 2020, 08h53

Reuniões de negócios, encontros e horários de trabalho. Se não soubermos se estamos na Hora de Verão ou de Inverno, podemos correr o risco de nos vermos sem tempo. Mas então, porque alteramos a hora duas vezes por ano? Porque é que estas alterações variam de acordo com os países? E por que razão?

A noção de alterar o tempo de acordo com o comportamento do Sol já é antiga. Os romanos, por exemplo, contabilizavam o tempo de forma a ajustá-lo continuamente ao comportamento do Astro-Rei. Mas os atuais conceitos de horário de verão e inverno são uma invenção relativamente nova.

Foi em 1895 que o cientista neozelandês George Hudson apresentou uma tese à Sociedade Filosófica de Wellington, na qual sugeria um sistema de “ajuste temporal sazonal”, de acordo com a sua biografia oficial. Inicialmente ridicularizado, quando a Nova Zelândia adotou o sistema, em 1927, Hudson recebeu uma medalha, que haveria ainda de demorar mais sete anos a chegar às suas mãos.

As ideias de Hudson não demoraram tanto tempo a surtir efeito noutros locais. Os registos do site timeanddate revelam que foi em junho de 1908 que ocorreu a primeira experiência com o “ajuste temporal sazonal” do neozelandês. Aconteceu em Port Arthur, Ontário, Canadá. Já o primeiro país a adotar a medida foi a Áustria, em 1916.

O exemplo austríaco foi seguido pelo Reino Unido, França e outros, com os EUA a juntarem-se a este grupo em 1918, em grande parte por causa da Primeira Guerra Mundial, como aliás aconteceu com os primeiros países a adotar este sistema. Na altura, a ideia era conseguir mais horas de trabalho produtivo, ao mesmo tempo que se poupava combustível, um recurso precioso em tempo de guerra.

Muitos países deixaram de utilizar este sistema horário depois da guerra, mas os britânicos mantiveram-no, tornando-o oficial em 1925 e chamando-lhe British Summer Time (BST). Nos EUA, o sistema foi readotado em 1942, novamente por causa da guerra. Até 1966, os estados podiam decidir se implementavam a medida ou não, mas depois foi implementado o Uniform Time Act e todos os Estados aderiram, com exceção do Havai e do Arizona.

Até hoje a utilização da DST (Daylight Savings Time, no original inglês) é controversa, com os seus detratores a apontarem os problemas que a mudança da hora gera, tanto a nível pessoal como para as empresas e toda a cadeia logística, pois dificulta a organização de tanto trabalhadores como de fornecimentos. Por isso, são 172 os países que, ainda hoje, não reconhecem a utilidade deste sistema e, consequentemente, não o usam.

Entre os que adotaram o sistema, as maiores discrepâncias de datas de mudança de hora são explicadas pelo simples facto de o verão ser diferente nos hemisférios norte e sul. De resto, tem tudo que ver com o que os vários governos decidiram ser o melhor para os seus interesses.

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