A tecnologia está a mudar o mundo do trabalho e o impacto será sentido sobretudo no aumento das desigualdades, em resultado da extinção de profissões de nível intermédio. O argumento foi defendido pelo diretor emérito da McKinsey & Company, Raul Galamba, e pelo economista e chairman da SIBS, Vítor Bento.
No Breakfast@Católica dedicado ao “O futuro do trabalho”, esta segunda-feira, Raul Galamba anteviu que num prazo de 15 anos há profissões que vão desaparecer devido ao avanço da tecnologia e da automatação. Ainda que antecipe que o potencial de criação de empregos pode ser da “magnitude dos mesmos que desaparecem”: a automatação das actividades “pode provocar um aumento da produtividade o que pode criar aumentos de emprego”.
No entanto, o consultor sublinha que o desafio será sobretudo “o nível de adaptação, que será enorme” e do aumento do risco de desigualdades, já que “irá afectar principalmente as profissões que estão situadas no meio”.
“Vem aí um tsunami em câmara lenta porque a escala da onda é brutal, mas é uma transformação em câmara lenta porque decorrerá em 15/20 anos e não apenas em dois ou três”, disse.
O chairman da SIBS, Vítor Bento, recusou profecias: “O que sabemos com certeza é que não sabemos o que vai acontecer”. Contudo, arriscou alguns cenários.
“O problema não vai ser tanto dos empregos mas dos rendimentos. A questão é: como é que estas pessoas cujo trabalho desaparece vão gerar rendimento para sobreviver?”, questionou, apontado as desigualdades de rendimento como a consequência directa.
O chairman da SIBS realçou que as implicações se estendem necessariamente ao campo da formação: “Viemos de um período em que se aconselhou a especialização. Agora iremos entrar num período em que as formações aconselhadas serão as mais abrangentes e mais flexíveis. Saber resolver problemas, capacidade para comunicar, capacidade para estruturar a analise de dados – que é diferente de processar dados – será fundamental”.
O debate com o apoio da EUREST e do Jornal Económico, que é o media partner deste ciclo de encontros, foi moderado por Nuno Fernandes, diretor da CLSBE.
O ciclo de conferências prossegue em abril, com a conferência sobre “A Economia da Moda e do Luxo” (23 de abril). A 28 de maio será debatida “A Tecnologia e o Big Data”. A primeira edição decorreu no dia 27 de novembro, dedicada ao tema “Os vinhos como marca portuguesa no mundo”.
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