Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e da Energia e presidente da mesa da assembleia geral do Fórum para a Competitividade, voltou a defender a necessidade de Portugal implementar reformas estruturais, para impulsionar a competitividade da economia portuguesa.
No seminário “Crescimento da economia portuguesa – o deve e haver do Projecto Porter”, organizado pelo Fórum para a Competitividade, que teve lugar esta quarta-feira, em Lisboa, Mira Amaral falou sobre as razões na origem do projeto Porter e as transformações ao nível das empresas e das políticas públicas, identificando a “falta de mão-de-obra qualificada” como uma das fragilidades atuais de Portugal.
“Se o conhecimento não for injetado nas empresas, a economia não evolui”, referiu. “A inovação empresarial é pegar no conhecimento e geri-lo. Quando se diz que se está bem na ciência e tecnologia, ainda se está mal na parte da inovação empresarial”, acrescentou.
O antigo ministro do governo de Cavaco Silva reafirmou que “para ser competitivo, Portugal precisa dramaticamente fazer reformas estruturais”, apontando as leis laborais, os tribunais, a administração pública e a administração fiscal. No entanto, foi o apelo ao potencial do conhecimento ao serviço das empresas que Mira Amaral realçou por diversas vezes.
“Muitos empresários queixam-se de falta de mão de obra qualificada”, disse. “Um país que aumentou o número de doutorados, mas em que apenas 3% fica nas empresas, é evidente que não cria as condições para o país ser competitivo no paradigma mundial”.
Olhar para o projeto Porter, 25 anos depois
O antigo ministro da Indústria e da Energia considerou que o projeto Porter – um estudo desenvolvido por Michael Porter em 1994 sobre a competitividade da economia portuguesa, no qual defendia a aposta em setores tradicionais – “veio dar uma outra dimensão a coisas que já andava a dizer”.
Para Mira Amaral, se “o país tivesse tido outras condições de competitividade, não tivesse envergado pela via que enveredou, talvez o país não tivesse chegado à crise da divida soberana”.
“Segundo o modelo, a competitividade de cada nação reside na optimização desse diamante aplicado aos clusters setoriais regionalmente concentrados, em que o país já possui vantagens comparativas, sendo os clusters suportados por políticas públicas horizontais”, explicou. “Essas políticas públicas eram para polir e dar brilho ao ‘diamante’.
Na visão do antigo ministro, a aplicação do projeto permitia melhorias nos sectores tradicionais, como o do calçado, têxtil e vestuário. No entanto, foi no setor do vinho, que considerou que o “aumento de qualidade é evidente”.
“Os clusters empresarias evoluíram para regiões de desenvolvimento tecnológico, com um incremento da fertilização cruzada entre universidades e empresas high-tech e com um sistema mais sofisticado de entidades de serviço relacionadas e de suporte”, destacou. “Captámos a ideia e aplicámos bem aos setores tradicionais”.
No entanto, reconhece que nos setores “de alta tecnologia não evoluímos”, considerando ainda que “falta dimensão aos nossos clusters”.
Numa avaliação global, não tem dúvidas: o projeto Porter “gerou muita discussão” e “teve um grande mediatismo”.
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