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Mundo maravilhoso dos mercados de Natal em Viena e Bratislava

Apenas 80 quilómetros separam as capitais da Áustria e da Eslováquia. Basta hora e meia de autocarro para descobrir como o espírito de Natal é celebrado nas ruas cheias de cultura e séculos de História.
14 Dezembro 2019, 17h00

Tal como em dezembro de 2018, o Jornal Económico sugere uma viagem ao melhor do espírito de Natal, através dos tradicionais e sensacionais mercados natalícios. Este ano viajamos até à Europa central, a Viena, na Áustria, e a Bratislava, capital da Eslováquia, o país vizinho um pouco mais a leste. Fica aqui um pequeno roteiro dos principais mercados de Natal, em ambas as cidades.

VIENA
A capital austríaca, com o seu pluralismo europeu, tem uma imensa oferta cultural: desde a música (com uma das mais célebres óperas do mundo e com centenas de festivais mundialmente famosos) às exposições de arte, passando pelos museus e teatros. Aliás, o concerto tradicional de Ano Novo da Orquestra Filarmónica de Viena, no dia 1 de janeiro, é transmitido para o mundo inteiro. E Viena será a Capital da Música no ano de 2020. Contudo, a cidade é muito mais que isso, dada a sua história fortemente ligada ao imperialismo, classicismo e romantismo. Toda a cidade é uma síntese dessa tríade fascinante de “ismos” e de uma palpitante vida contemporânea.

Nesta cidade é tudo em ponto grande: grandes palácios (recomenda-se a visita aos impressionantes Schönbrunn, Hofburg e Belvedere), grandes monumentos, grandes hotéis, grandes estradas e grandes sinais de desenvolvimento e cidadania. Tais como, por exemplo, ciclovias bem estruturadas, visíveis e respeitadas; suportes de beatas de cigarro anexados a postes e caixotes de lixo da cidade; venda de jornais, com sistema de moeda incorporado, em postes identificados para o efeito, também espalhados pela cidade; rede de metro muito bem distribuída e diversificada, chegando a todos os pontos da cidade e respetivos subúrbios e arredores, e com frequência muito regular. Muito sugestiva é, também, a visita exterior à Hundertwasser-Haus, um grande edifício colorido com blocos de apartamentos, de estilo eclético, conjugando linhas de aldeias e palácios venezianos com elementos de uma mesquita mourisca. A estação de metro mais próxima é a Landstrasse (a uns dez minutos a pé).

Viena é a cidade das valsas; dos compositores Haydn, Schubert, Czerny, Strauss (pai e filho), Bruckner e Mahler, entre outros tantos (nascido em Salzburgo, Mozart viveu e faleceu em Viena, tal como o alemão Beethoven); do vinho verde Heuriger; do psiquiatra e pai da psicanálise Freud; do primeiro Museu Judeu fundado mundialmente (1895); e do mais antigo jardim zoológico do mundo (1752), que foi classificado como Património da Humanidade (pela UNESCO). Esta é uma atração imperdível, com mais de 700 espécies ao longo de 17 hectares, nos jardins de Schönbrunn, onde não faltam variados tipos de ambientes naturais – do Ártico aos trópicos – a coabitarem num mesmo lugar. Venceu já cinco vezes a nomeação de “Melhor Zoo Europeu”, atribuída pelo site Trip Advisor, e tem dois pandas gigantes – Yuán Yuán (n. 1999) e Yang Yang (n. 2000) – entre as suas estrelas principais. O zoo tem duas entradas (uma pelos jardins do Palácio) e outra, mais externa, ao lado da magnífica e enorme casa de vidro Palmenhaus (um café ‘brasserie’ com leitura).

Para quem pretende ainda visitar Viena neste tempo de advento, respirando-se já um ar natalício mágico, nada melhor do que hospedar-se no Grand Ferdinand (de cinco estrelas), um hotel central situado entre as paragens de metro Karlsplatz e Stadpark (linha verde). Conhecer cidades como esta, avançada e mais à frente, faz-nos olhar para dentro e refletir no que há ainda a evoluir e melhorar nas cidades portuguesas mais cosmopolitas…

 

Roteiro possível para os Mercados de Natal
Propomos aqui um itinerário sequencial pelo centro histórico. Todos estes mercados funcionam até 23 de dezembro, com artesanato local – em produtos vários (sobretudo de madeira, cera, cerâmica e estanho) – e com comidas típicas e o gulen ou mulled wine, famoso vinho quente com citrinos e especiarias. Há alguns países representados nos stands, tais como a Alemanha, a Itália, a Polónia e o Uganda.

Começamos pela Stephanplatz (tem uma estação de metro com o mesmo nome), a praça da catedral, com um mercado envolvente à mesma e com cerca de 25 a 30 stands. Um pouco para noroeste segue-se o mercado de Am Hof, com 75 expositores, e uns poucos metros mais adiante (para oeste) deparamo-nos com o que se situa na Freyung Platz, com 44 stands. De seguida, descendo mais para o centro, encontra-se na Michaelerplatz um pequeno mercado, com 16 expositores – mas também ele interessante e bonito. Continuando o percurso a pé – faz-se muito bem e sente-se a energia viva da cidade e dos muitos habitantes locais e turistas nestes mercados e zonas circundantes –, sobe-se ligeiramente uns bons metros para oeste, até se chegar ao átrio da Câmara Municipal, na Rathausplatz, onde tem um dos mais conhecidos mercados vienenses de Natal, o Vienna Magic of Advent. Depois, descem-se cerca de dois quarteirões e chega-se ao mercado localizado na Maria-Theresien-Platz, com 72 expositores. E novamente um pouco mais a sudoeste surge o maior dos mercados vienenses, e também ele um pouco mais internacional como o anterior. É, portanto, o de Spittelberg, com uns 132 stands ou pouco mais, distribuído por umas três ruas paralelas e suas perpendiculares. Para concluir este percurso na parte antiga do centro, do género hexagonal (o mapa de metro tem esse desenho em seu redor), temos o mercado de Karlsplatz, todo em forma circular à volta de um espaço pedagógico enorme para crianças, com dinâmicas sobre palha espalhada pelo chão, num entretenimento diferenciado e fora do habitual nestas ocasiões e existente noutros mercados europeus (tais como a roda gigante e os carrosséis). Este tem aproximadamente oito dezenas de stands.

Fora do centro de Viena há, pelo menos, outros três mercados de Natal que merecem visita: um no Campus Universitário (mais perto do centro) e os outros em dois jardins de Palácios, no de Belvedere e no de Schönbrunn (todos eles com estação de metro muito próximo). Os mercados natalinos de Viena têm constado no “top 10” de alguns operadores turísticos.

BRATISLAVA
Aproveitando a oportunidade da proximidade geográfica, é deveras aconselhável uma escapadela à capital eslovaca, muito perto da fronteira entre ambos os países, distando cerca de 80 quilómetros (a uma hora e pouco de autocarro). Ou pode-se chegar a Bratislava através de um cruzeiro de barco pelo rio Danúbio, em menos tempo e em mais riqueza para as vistas. Bratislava – de seu antigo nome Pressburgo – é uma cidade antiquíssima, onde no séc. IV a.C. se instalaram os celtas, construindo povoamentos fortificados da Idade do Ferro, tendo sido o castelo – a principal atração da cidade – o local de acrópole de então. Esse castelo ergue-se numa colina, 85 metros acima do nível do rio Danúbio, e possui também um mercadito de Natal (mais pensado nas famílias com crianças, contendo alguns animais, organizações de caridade e conjuntos de teatro com performances natalícias).

Quanto aos mercados de Natal, que maravilhosamente se podem apreciar nesta altura e com indicação oficial do Turismo, existem dois mais emblemáticos – com duas grandes árvores enfeitadas e iluminadas –, dignos de referência, entre os sete a registar. E todos eles com produtos mais económicos, comparativamente a Viena (sendo a moeda a mesma na Áustria e na Eslováquia: o euro), e abertos até 22 de dezembro. Nesses locais pode deliciar-se com um gostoso vinho quente de mirtilos e lavanda, o “soco de Natal”, a “salsicha cigana”, o “strudel” de maçã, “langos”, panquecas de batata e pães de batata, carne espetada e queijo grelhado, entre outras iguarias típicas da Eslováquia. O maior mercado é na praça principal da cidade velha, na Franciscan Square, com 75 expositores que têm em comum a cor vermelha. Muito próximo deste e em direção ao rio, temos outro mercado animado e com 45 expositores, na praça Hviezdoslavovo. Quanto aos outros mercados, de particular interesse ainda que de menor dimensão, são eles o já referido no castelo; um diante da Casa da Cultura Ružinov, equipado com uma pista de gelo; outro alternativo na praça Dulovo, com canções de Natal de estilos variados e com recitações e comédia stand-up; outro ainda na margem do rio, no Eurovea Shopping Centre, com seis expositores; e um mercado ‘vegan’, no jardim do Umelka Pub – estes dois últimos prolongam-se por mais um dia, até ao dia 23 de dezembro.

Há que destacar no programa deste ano duas particularidades. Uma consiste no comboio de Natal – que estará a funcionar até 30 de dezembro – com canções de Natal, em que a temática interior e exterior recorda a cena bíblica do nascimento de Jesus. Outra, a música: tanto o popular concerto do ciclo “Serenatas pela Alegria – Paixão pela Música”, a realizar no dia 16 de dezembro às 19h00, junto ao rio, com a Hilaris Chamber Orchestra, incluindo um pianista polaco e um flautista suíço. Bem como o fantástico espetáculo multimédia “Canção de Natal pela Vida”, promovido no âmbito da campanha “Sobre Rodas Contra o Cancro”, que se trata de um concerto do Bolshoi Don Cossack Choir realizado no dia 22 de dezembro, às 16h00, nos estúdios da Rádio Eslovaca.

 

Agradecimento especial aos apoios concedidos: particularmente ao Turismo de Viena, à Bettina e ao Florian, ao Turismo de Bratislava, ao Maroš e, também, ao Grand Ferdinand Hotel (Viena), ao stand Bitzinger e restaurantes Wrenkh (Viena) e Korzo (Bratislava) e ao Zoo de Viena.

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