O vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para a Mobilidade e Segurança, Miguel Gaspar, contou ao Jornal Económico na quinta-feira que no “prazo de um ano” a capital portuguesa deverá ter sete mil estacionamentos para bicicletas partilhadas. O município está “constantemente a criar e a escolher os locais de estacionamento para este tipo de transporte” e o objetivo dos sete mil lugares faz parte de uma estratégia da autarquia para tornar a capital numa”cidade do futuro”, onde todos os modos de transporte partilhado funcionam em conjunto para melhorar a mobilidade em Lisboa.
Miguel Gaspar alertou, contudo, que esse prazo poderá ser alargado até a um ano e meio, quando questionado sobre o trabalho em curso da câmara e em quanto tempo espera que o objetivo de chegar aos sete mil lugares de estacionamento para bicicletas se concretize. “O ritmo vai variando, mas vão sendo criados entre 50 a 100 estacionamentos por semana. Ainda não tenho uma data para dar, mas no prazo de um ano gostava muito que isso acontecesse, embora estas coisas às vezes demorem o seu próprio tempo. O que é importante é que estamos com os processos em curso”, afirmou ao Jornal Económico à margem do evento de mobilidade da Uber, onde se apresentou o novo serviço de bicicletas elétricas partilhadas da empresa para Lisboa.
“Nós queremos que em todos os quarteirões haja um sítio para parar as bicicletas, preferencialmente um quilómetro para cada lado a partir do eixo central”, acrescentou.
Atualmente, existem três mil lugares de estacionamento para bicicletas, sendo estes utilizados pelas bicicletas Gira – o transporte público partilhado, gerido pela EMEL. Mas, de acordo com o vereador para Mobilidade e Segurança de Lisboa, é preciso mais.
Na apresentação das bicicletas Jump da Uber, um evento que contou com a participação do edil, Miguel Gaspar sintetizou o que o executivo camarário a que pertence pretende a longo-prazo: aproveitar o facto de a cidade de Lisboa ser, neste momento, um chamariz para todos as empresas que operam serviços de transporte partilhado e, gradualmente, tornar a capital mais acessível aos transportes alternativos, de forma a que a utilização de um automóvel particular dentro de Lisboa diminua, futuramente. “Damos suporte a quem quiser operar em Lisboa”, disse.
Entre serviços de transporte semi-privado, trotinetes e bicicletas partilhadas, a cidade de Lisboa é um autêntico de viveiro daquilo que Miguel Gaspar considerou ser “o novo modo de transporte: o telemóvel”. Atualmente, a partir de um telemóvel é possível requisitar qualquer transporte alternativo ao tradicional automóvel de combustível fóssil e mover-se pela cidade de forma mais limpa, confortável e segura. E com a atual oferta existente na cidade de Lisboa – a que agora se juntaram as bicicletas Jump – a CML sabe que se realizam mais de 13 mil viagens diárias, combinando os diferentes modos de transporte alternativos ao automóvel.
“Somos um bom exemplo e estamos a para do que de melhor se faz na Europa”, afirmou Miguel Gaspar. Porquê? “Temos das mais modernas legislações para este tipo de transportes”, esclareceu.
Questionado sobre o porquê de a câmara estar a acolher todas as empresas operadoras destes transportes, seja de bicicletas ou trotinetes, tendo em conta que as docas de estacionamento das bicicletas no que respeita à escolha da localização e instalação do próprio estacionamento é uma responsabilidade assumida pela CML, Miguel Gaspar respondeu: “Nós assumimos a adaptação da cidade a esta nova forma de estar”.
“Estas novas formas de mobilidade são um investimento que compete ao município de Lisboa, desde criar as ciclovias a criar o estacionamento de bicicletas. Se somos nós que estamos a promover uma política onde se almeja que pelo menos 10% das viagens seja feita neste tipo de transportes partilhados, é óbvio que tem de ser a cidade a investir em infraestruturas”, esmiuçou.
E salientou que “o custo de um estacionamento de bicicletas é muito barato quando comparado com o beneficio que traz – assim como pagar pela iluminação”. “Por exemplo, o sistema da Gira é financiado pela EMEL, com os utilizadores a pagarem 25 euros por ano e está feito, não pagam mais nada. Isso é financiado pela cidade, pela EMEL”, exemplificou.
No entanto, nem tudo são facilidades para as operadoras destes transportes partilhados alternativos. A adaptação da cidade é assumida pela CML, mas “a responsabilidade do uso é dos condutores deste sistema”, ressalvou o edil, acrescentando que a “responsabilidade de estacionar bem os veículos já não é da cidade, é de quem os utiliza e que a responsabilidade de manter o sistema em boas condições é das empresas que os operam”.
Observando o que ficou acordado entre a CML e a Uber, a propósito das bicicletas Jump, as empresas que oferecem novas mobilidades de transporte, alternativas ao automóvel, têm de cumprir a legislação nacional. Ou seja, “têm de se registar junto do IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] como operadores de mobilidade partilhada; têm de ter os seguros adequados; têm de informar as pessoas de como é que se utiliza o sistema e devem cumprir com o código da estrada”, explicou Miguel Gaspar.
Além disso, a CML exige que seja partilhado em tempo real toda a informação e utilização destes transportes. “O que nos permite compreender o fenómeno e criar mais infraestruturas de suporte a estes sistemas”, disse o vereador da Mobilidade e Segurança de Lisboa.
Miguel Gaspar assegurou também que “todos os meses”, este tipo de empresas reúnem com os responsáveis da CML para verificar e melhorar as regras – “e todos as vão cumprindo”. “Por exemplo, a recente decisão de não deixar estacionar [trotinetes ou bicicletas] nas zonas vermelhas [Bairro Alto e zona do Castelo] está, neste momento, a ser cumprida por todos operadores e é este o tipo de decisões e regras que a cidade vai impondo”, disse.
É este “o ponto de contacto obrigatório com a cidade para o caso de surgir algum problema”, que caso exista cabe à Polícia Municipal e à EMEL fiscalizar e atuar, aplicando coimas se necessário.
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