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Município de Lisboa quer sete mil lugares de estacionamento para bicicletas dentro de um ano

Dos atuais três mil lugares espera-se que sejam criados mais quatro mil lugares até ao final de 2020. “Nós queremos que em todos os quarteirões haja um sítio para parar as bicicletas, preferencialmente um quilómetro para cada lado a partir do eixo central”, especificou Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade e Segurança da autarquia.
Miguel Gaspar (à esquerda), vereador para a Mobilidade e Segurança da Câmara Municipal de Lisboa, em conversa com Ryan Rzepecki, o CEO da Jump
1 Março 2019, 10h45

O vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para a Mobilidade e Segurança, Miguel Gaspar, contou ao Jornal Económico na quinta-feira que no “prazo de um ano” a capital portuguesa deverá ter sete mil estacionamentos para bicicletas partilhadas. O município está “constantemente a criar e a escolher os locais de estacionamento para este tipo de transporte” e o objetivo dos sete mil lugares faz parte de uma estratégia da autarquia para tornar a capital numa”cidade do futuro”, onde todos os modos de transporte partilhado funcionam em conjunto para melhorar a mobilidade em Lisboa.

Miguel Gaspar alertou, contudo, que esse prazo poderá ser alargado até a um ano e meio, quando questionado sobre o trabalho em curso da câmara e em quanto tempo espera que o objetivo de chegar aos sete mil lugares de estacionamento para bicicletas se concretize. “O ritmo vai variando, mas vão sendo criados entre 50 a 100 estacionamentos por semana.  Ainda não tenho uma data para dar, mas no prazo de um ano gostava muito que isso acontecesse, embora estas coisas às vezes demorem o seu próprio tempo. O que é importante é que estamos com os processos em curso”, afirmou ao Jornal Económico à margem do evento de mobilidade da Uber, onde se apresentou o novo serviço de bicicletas elétricas partilhadas da empresa para Lisboa.

“Nós queremos que em todos os quarteirões haja um sítio para parar as bicicletas, preferencialmente um quilómetro para cada lado a partir do eixo central”, acrescentou.

Atualmente, existem três mil lugares de estacionamento para bicicletas, sendo estes utilizados pelas bicicletas Gira – o transporte público partilhado, gerido pela EMEL. Mas, de acordo com o vereador para Mobilidade e Segurança de Lisboa, é preciso mais.

Na apresentação das bicicletas Jump da Uber, um evento que contou com a participação do edil, Miguel Gaspar sintetizou o que o executivo camarário a que pertence pretende a longo-prazo: aproveitar o facto de a cidade de Lisboa ser, neste momento, um chamariz para todos as empresas que operam serviços de transporte partilhado e, gradualmente, tornar a capital mais acessível aos transportes alternativos, de forma a que a utilização de um automóvel particular dentro de Lisboa diminua, futuramente. “Damos suporte a quem quiser operar em Lisboa”, disse.

Entre serviços de transporte semi-privado, trotinetes e bicicletas partilhadas, a cidade de Lisboa é um autêntico de viveiro daquilo que Miguel Gaspar considerou ser “o novo modo de transporte: o telemóvel”. Atualmente, a partir de um telemóvel é possível requisitar qualquer transporte alternativo ao tradicional automóvel de combustível fóssil e mover-se pela cidade de forma mais limpa, confortável e segura. E com a atual oferta existente na cidade de Lisboa – a que agora se juntaram as bicicletas Jump – a CML sabe que se realizam mais de 13 mil viagens diárias, combinando os diferentes modos de transporte alternativos ao automóvel.

“Somos um bom exemplo e estamos a para do que de melhor se faz na Europa”, afirmou Miguel Gaspar. Porquê? “Temos das mais modernas legislações para este tipo de transportes”, esclareceu.

Questionado sobre o porquê de a câmara estar a acolher todas as empresas operadoras destes transportes, seja de bicicletas ou trotinetes, tendo em conta que as docas de estacionamento das bicicletas no que respeita à escolha da localização e instalação do próprio estacionamento é uma responsabilidade assumida pela CML, Miguel Gaspar respondeu:  “Nós assumimos a adaptação da cidade a esta nova forma de estar”.

“Estas novas formas de mobilidade são um investimento que compete ao município de Lisboa, desde criar as ciclovias a criar o estacionamento de bicicletas. Se somos nós que estamos a promover uma política onde se almeja que pelo menos 10% das viagens seja feita neste tipo de transportes partilhados, é óbvio que tem de ser a cidade a investir em infraestruturas”, esmiuçou.

E salientou que “o custo de um estacionamento de bicicletas é muito barato quando comparado com o beneficio que traz – assim como pagar pela iluminação”. “Por exemplo, o sistema da Gira é financiado pela EMEL, com os utilizadores a pagarem 25 euros por ano e está feito, não pagam mais nada. Isso é financiado pela cidade, pela EMEL”, exemplificou.

No entanto, nem tudo são facilidades para as operadoras destes transportes partilhados alternativos. A adaptação da cidade é assumida pela CML, mas “a responsabilidade do uso é dos condutores deste sistema”, ressalvou o edil, acrescentando que a “responsabilidade de estacionar bem os veículos já não é da cidade, é de quem os utiliza e que a responsabilidade de manter o sistema em boas condições é das empresas que os operam”.

Observando o que ficou acordado entre a CML e a Uber, a propósito das bicicletas Jump, as empresas que oferecem novas mobilidades de transporte, alternativas ao automóvel, têm de cumprir a legislação nacional. Ou seja, “têm de se registar junto do IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] como operadores de mobilidade partilhada; têm de ter os seguros adequados; têm de informar as pessoas de como é que se utiliza o sistema e devem cumprir com o código da estrada”, explicou Miguel Gaspar.

Além disso, a CML exige que seja partilhado em tempo real toda a informação e utilização destes transportes. “O que nos permite compreender o fenómeno e criar mais infraestruturas de suporte a estes sistemas”, disse o vereador da Mobilidade e Segurança de Lisboa.

Miguel Gaspar assegurou também que “todos os meses”, este tipo de empresas reúnem com os responsáveis da CML para verificar e melhorar as regras – “e todos as vão cumprindo”. “Por exemplo, a recente decisão de não deixar estacionar [trotinetes ou bicicletas] nas zonas vermelhas [Bairro Alto e zona do Castelo] está, neste momento, a ser cumprida por todos operadores e é este o tipo de decisões e regras que a cidade vai impondo”, disse.

É este “o ponto de contacto obrigatório com a cidade para o caso de surgir algum problema”, que caso exista cabe à Polícia Municipal e à EMEL fiscalizar e atuar, aplicando coimas se necessário.

 

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