Muro ou moinho de vento?

Passados mais de 2 meses desde que fomos postos à prova perante esta crise mundial de saúde, muitas coisas mudaram…muitas outras permaneceram…e muitas outras pioraram. A crise económica que já se vive e o futuro que se avizinha trazem consigo muitas incertezas, mas infelizmente também a certeza que o aumento do desemprego, as empresas falidas e os gastos astronómicos que foram desencadeados em resposta à pandemia, irão levar à instalação de situações de precariedade, miséria e pobreza que, necessitam ser pensadas, mas mais do que isso que necessitam de ações efetivas, imediatas e humanas! Infelizmente este é e será um cenário real para muitas pessoas e, é por essa razão que apesar de iniciar este artigo com este “quadro negro”, não quero ser, pelo menos por hoje, mais uma portadora de más notícias. Quero sim focar que, apesar deste cenário, ainda existe espaço para otimismo. Winston Churchill afirmou que “O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. Por isso, hoje quero ser (ou pelo menos tentar ser) otimista!

Ao longo dos anos tenho defendido que a criatividade de cada um de nós é desafiada particularmente perante uma crise. Nunca, em um milhão de anos, pensaria que a nossa capacidade criativa para resolução de problemas seria testada desta forma, mas a verdade “nua e crua” é que foi! Fomos, continuamos e continuaremos a ser testados. Contudo, a questão que se impõe é: como será a nossa resposta perante este teste? Manteremos a mesma forma de pensar do que antes? Continuaremos a ser quem fomos até sermos confrontados com o inimaginável? Continuaremos a tentar seguir o mesmo caminho, mesmo quando sabemos que o caminho, invariavelmente, mudou? A vida não espera por nós! A vida passa…a vida continua…cabe a cada um de nós tomar a sua decisão e responder ao seu “teste”!

A pandemia trouxe muitas coisas más (e continuará a trazer) mas também trouxe, a meu ver, uma oportunidade de “ouro” para cada um de nós: que rumo queremos dar à nossa vida? Queremos continuar como estamos? Queremos mudar? O que é que queremos ser ou fazer? Com quem queremos “ser” ou estar? A pandemia trouxe ao de cima inquietações, trouxe “quatro paredes” 24 horas sob 24 horas e com elas a oportunidade de repensar a nossa vida e os pequenos e grandes momentos que ela nos concede. O ator Keanu Reeves um dia disse: “You have to change your life if you’re not happy, and wake up if things aren’t going the way you want”. E é esta a mensagem de hoje: se não está feliz, está na hora de “acordar”! Se esta pandemia nos ofereceu algo foi a oportunidade de refletir, sentados à nossa janela, sobre aquilo que verdadeiramente queremos. E, se não o fez, aconselho-o vivamente a fazê-lo, pois ainda vai a tempo.  Não deixe a vida continuar, sem encontrar ou, pelo menos, tentar encontrar o seu “rumo”! E “encontrar o seu rumo” não significa que tem todas as respostas do universo. Significa que tomou as “rédeas” da sua vida e está disposto a passo-a-passo, encontrar o que o faz feliz.

O seu “rumo” não tem que ser igual ao de todos os outros. Não tem que seguir as regras convencionais de uma sociedade e fazer o que ela espera de si. Não tem que ser o que os outros acham que deve ser. E, sobretudo, não tem que ser uma “aparência” de felicidade. Procure, sim a felicidade, seja esta em que “formato” for! Por isso, se descobriu que gostaria de viajar: viaje! Se descobriu que quer ter o seu próprio negócio: tente! Se descobriu que se quer divorciar: divorcie-se! Se descobriu que quer casar: case-se! Se descobriu que gosta de ler um bom livro: leia! Se descobriu que gosta de cozinhar: cozinhe! Se descobriu que quer mudar de emprego: mude ou, pelo menos, tente! Se descobriu que os seus sonhos mudaram: não faz mal, a isso chama-se crescer! Quem o aceita tal como é, não verá a mudança como algo negativo, mas irá incentivá-lo a lutar pela conquista dos seus novos sonhos. Encare esta crise como uma oportunidade! Uma oportunidade para mudar a sua vida ou uma oportunidade para descobrir que já está no caminho certo! Não importa, o que importa é que tente fazer ou ser aquilo que verdadeiramente o faz feliz! Termino com uma frase que encontrei que, ainda que a sua autoria seja atribuída ora a um escritor brasileiro Érico Veríssimo ora a um antigo provérbio chinês, a meu ver, resume a essência da oportunidade perante uma crise: “When the winds of change blow, some people build walls, others build windmills”. Cabe-lhe a si decidir se, perante esta oportunidade, irá construir um muro ou um moinho de vento?

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