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Na Madeira

Cafôfo não quer perder a mão no partido a nível regional, e dificilmente um terceiro puppet-ruler conseguiria ser eleito, mas também quer afastar a possibilidade de se tornar um “desempregado político”, ficando sem o lugar no governo, e não tendo outro cargo onde se agarrar.
20 Outubro 2023, 09h57

O Cangalho e o cangalheiro

Na Madeira ouço, com ternura e saudade, Cafôfo a clamar pela “atração ‘das pessoas’ para o PS”.  Vá amigos, confessem: já tínhamos saudades do discurso “das pessoas”! O nosso Paulo viu-se numa encruzilhada, com a inevitável, mas por enquanto adiada, queda do Ministro Cravinho (que não tenho por corrupto, mas que poderá ser indiciado por “fechar os olhos” às negociatas que se faziam debaixo do seu “everéstico” nariz) que se concretizará até às Europeias, mas que pode ser antecipada por qualquer conveniência política, ou obrigatoriedade decorrente dos avanços processuais. Cafôfo não quer perder a mão no partido a nível regional, e dificilmente um terceiro puppet-ruler conseguiria ser eleito, mas também quer afastar a possibilidade de se tornar um “desempregado político”, ficando sem o lugar no governo, e não tendo outro cargo onde se agarrar. Coloca-se então o nó górdio em que Cafôfo só tem força para ganhar as eleições internas enquanto tiver o estatuto de governante nacional, mas precisa de ganhar essas eleições devido precisamente à iminência de deixar de o ser! Antecipar o mais possível era a obrigatoriedade, no interesse da agenda pessoal de Cafôfo, o que foi concretizado esta quarta-feira. Indiferente a tudo está a cúpula instalada da militância socialista que, não obstante as brigas e amuos mútuos, vai levando o cangalho ao cangalheiro.

O HAMAS Madeirense

Na Madeira o partido Chega faz números circenses para se mostrar. Já sabemos que a maior parte do oxigénio que alimenta a verve mediática dos radicais, assenta em posições “duras”, antissistema. Na Madeira a coisa é mais difícil, pois até um mês antes das eleições a palavra de ordem era “vamos tirar a maioria absoluta para entrarmos com o PSD no Governo regional”, garantindo também que a intenção era manter o PS longe da esfera governativa regional. Com a monumental nega dada por Albuquerque, que obrigou Montenegro a, finalmente, traçar a linha vermelha, o Chega passou a ver a Madeira como uma “Região destruída” (Ventura, 10 de Novembro). Basta passear pelo premiado “melhor Destino Insular do Mundo” para conferir a “destruição” proclamada pelos extremistas de direita.  A coisa torna-se ainda mais caricata quando o, chamemos-lhe assim, “líder” regional desse partido, numa declaração lida aos soluços e vírgulas, demonstrando o primeiro contacto com aquele texto, afirmou que não reconhecia Miguel Albuquerque como presidente do Governo Regional, faltando assim à tomada de posse, pela (alegada ) “situação Catastrófica com que este colocou a Madeira”. “Catástrofe”! “Destruição”, “Não reconhecimento do Presidente”!. Não caro leitor, não é o Hamas a verbalizar a situação em Gaza, e a repudiar o reconhecimento do Estado de Israel, ou mesmo da Autoridade do presidente palestiniano Abu Mazen! Não.. são apenas os nossos “terroristas políticos” de trazer por casa. Não vão conseguir manter os 4 deputados até ao final da legislatura, vai uma aposta?

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