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“Não compreenderei o silêncio de António Costa se demorar muito”, diz Rui Rio

Líder do PSD reafirmou na Assembleia da República o que tinha escrito no Twitter, deixando claro que Mário Centeno teria que se demitir ou ser demitido se Rio fosse primeiro-ministro. Cabendo a António Costa tomar essa decisão, salientou que o ministro das Finanças se colocou “numa posição insustentável” ao apontar irresponsabilidade ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
  • Cristina Bernardo
13 Maio 2020, 19h58

O líder social-democrata Rui Rio reforçou numa declaração a jornalistas na Assembleia da República que “é manifesto que Mário Centeno não tem condições para continuar no cargo”, tal como tinha escrito no Twitter, dizendo que se fosse primeiro-ministro este “teria que se demitir ou ser demitido”. Realçando que cabe a António Costa tomar a essa decisão, o presidente do PSD disse que o primeiro-ministro terá de tomar uma decisão rapidamente. “Não compreenderei o silêncio de António Costa se demorar muito”, disse Rio.

Recordando que Mário Centeno disse aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças que “seria irresponsável não pagar e esperar pela auditoria” antes de o Estado transferir 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução para permitir a injeção no Novo Banco, Rio considerou que o ministro das Finanças “está a considerar que quer o Presidente da República quer o primeiro-ministro são irresponsáveis”.

Para Rui Rio, o ministro de Estado e das Finanças “colocou-se numa situação insustentável” após ser alvo de uma crítica pública do Presidente da República – horas antes, numa visita à Autoeuropa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que António Costa “esteve muito bem no Parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria” – e de verificar que o bancada parlamentar do PS não o defende. Isto porque, no debate de urgência sobre a situação do Novo Banco requerido pelo PSD, Bloco de Esquerda e CDS-PP, os deputados socialistas (e o secretário de Estado Mourinho Félix, que chegou a ser tratado por “ministro” num lapso do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues) preferiram centrar as suas críticas no processo de resolução do Banco Espírito Santo decidido pelo Executivo de Pedro Passos Coelho.

Respondendo a uma pergunta quanto ao mau timing de uma saída de Mário Centeno do Executivo, numa altura em que Portugal enfrenta a crise económica provocada pela pandemia de Covid-19 e o presidente do Eurogrupo está envolvido na negociação de apoios para a recuperação da economia a nível da União Europeia, o presidente do PSD admitiu que “é evidente que isto não é desejável”, acrescentando ainda assim que “se tivesse sido há um mês seria pior” e que “talvez neste momento haja condições” para que António Costa prescinda do ministro das Finanças.

Quanto à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio comentou que não se tratou de “uma afirmação gratuita”. “O Presidente da República anda na política há muito mais anos do que eu”, sentenciou.

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