“Não é fácil os salários subirem de forma muito superior aos fatores de produção” e, em simultâneo, “haver mais investimento privado e público”, de acordo com António Rebelo de Sousa, professor catedrático da Universidade Lusíada e membro da direção da Ordem dos Economistas.
As declarações foram feitas na sessão de encerramento das comemorações dos 25 anos da Ordem dos Economistas, que aconteceu esta segunda-feira, no Auditório da Fundação Oriente, em Lisboa. O painel contou ainda com outros três especialistas da área económica.
Rebelo de Sousa apelou a um “processo integracionista mais acentuado” na UE, deixando claro que não tem problemas em ser apelidado como “federalista”, mas garante que não está em causa falta de patriotismo. No que diz respeito a medidas da UE, reitera que “tem que haver políticas comuns na energia, transportes e infraestruturas”.
Por outro lado, alertou para a eventuais “retrocessos”, tendo dado o exemplo da possível reeleição de Donald Trump como presidente dos EUA.
No mesmo painel, o administrador da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Alexandre Almeida, abordou as mais recentes mudanças que se observam no mercado automóvel. Neste âmbito, com a evolução das tecnologias, que se faz ao mesmo tempo que se caminha para objetivos ligados à transição energética, “vamos deixar de ter automóveis no sentido estrito para passarmos a ter computadores que têm rodas”.
“Hoje, vemos as ruas cheias de automóveis chineses”, em resultado da “democratização” do sector automóvel, sublinhou. Na sequência, deixou o tema automóvel e olhou para as empresas de uma perspetiva mais geral, deixando claro que existe “capacidade para sermos os melhores”.
O próprio assinalou ainda a importância de o sector empresarial português se desenvolver e modernizar. Nesse sentido, referiu que “a competição [com empresas estrangeiras] faz bem” às empresas portuguesas.
No que diz respeito à Alta Velocidade, destacou que esta “faz parte do projeto europeu, para não estarmos longe da Europa e a Europa não estar longe de nós”.
Por seu turno, a vice-reitora da Universidade Católica e membro da direção da Ordem dos Economistas, Margarida Mano, referiu que “a entrada no euro podia ter sido uma oportunidade mas acabou por se tornar uma ameaça”.
Nesse sentido, sublinhou que aquilo que de positivo podia surgir com as taxas de juro baixas acabou por se tornar numa tendência para o “endividamento excessivo”.
O professor catedrático na Universidade do Porto e diretor da Faculdade de Economia do Porto (FEP), Óscar Afonso, também fez parte do painel e alertou para a situação de Portugal estar “a perder jovens muito qualificados, que estamos a substituir por pessoas menos qualificadas”.
Sobre a problemática do enfraquecimento da indústria europeia, o responsável demonstrou receios acentuados, dizendo mesmo que a “industrialização no contexto europeu é um bocadinho uma miragem”.
No caso da economia portuguesa, de acordo com o próprio, que citou dados concretos, assistiu-se mesmo “a uma desindustrialização”, nos últimos anos.
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