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“Não foi nenhuma surpresa”. Advogado de Bruno Jacinto reage à detenção de Bruno de Carvalho

O advogado do antigo Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do Sporting Clube de Portugal reagiu à detenção de Bruno de Carvalho, para ser presenta a juiz, considerando-a “uma consequência lógica”. Paulo Camoesas revelou, ainda, ao Jornal Económico que Bruno Jacinto foi ouvido uma segunda vez, dando informações importantes e suplementares sobre o sucedido a 15 de maio, em Alcochete.
  • Cristina Bernardo
13 Novembro 2018, 10h52

O advogado de defesa de Bruno Jacinto, ex-OLA do Sporting, reagiu junto do Jornal Económico às detenções de Bruno de Carvalho e de Nuno Mendes, vulgo Mustafá, considerando: “Não foi nenhuma surpresa, tendo em conta o que aconteceu antes. Era uma consequência lógica”. Paulo Camoesas revelou também que Bruno Jacinto foi ouvido num segundo interrogatório, prestando novas informações importantes e suplementares, a 22 de outubro. Um dia depois requereu a alteração da medida de coacção de Bruno Jacinto para prisão domiciliária.

Quanto às novas informações que foram prestadas pelo seu cliente ao juiz do Tribunal do Barreiro sobre o caso de Alcochete, Paulo Camoesas não comenta. Mas o Jornal Económico sabe que revelaram-se determinantes para a investigação chegar aos alegados autores morais do  crime: Bruno de Carvalho, presidente, e Mustafá, chefe da Juve Leo, que este domingo foram detidos.

Em causa estão informações que passam por garantir que Mustafá “recebeu luz verde” de Bruno de Carvalho para a invasão à Academia do Sporting em Alcochete, a 14 de maio, no dia a seguir à derrota do SCP na Madeira (2-1), na véspera dos ataques à Academia. Outras revelações de Bruno Jacinto terão passado por dar conta que o ex-presidente do Sporting ligou, à sua frente, ao líder da Juve Leo, explicando a Mustafá que os cortes que tinham sido anunciados à claque leonina eram uma “encenação”.

O Correio da Manhã também deu conta ontem, 12 de novembro, que o então vice-presidente Rui Caeiro ouviu um telefonema entre Bruno de Carvalho e Fernando Mendes, outro responsável da Juve Leo que também está preso preventivamente, onde o ex-presidente do clube terá dado a ordem: “Caiam em cima deles”.

Jacinto está entre os 40 presos no processo sem ter participado no ataque – permitiu que os elementos da claque invadissem o centro de estágios do Sporting, onde jogadores e técnicos foram agredidos, e, no final, ajudou a retirar alguns do local.

Bruno Jacinto, que na altura das ocorrências era oficial de ligação aos adeptos, está indiciado, entre outros, pela prática, em co-autoria, de mais de 20 crimes de ameaça agravada, 12 crimes de ofensa à integridade, 20 crimes de sequestro e um crime de terrorismo.

Bruno Jacinto pede prisão domiciliária
O advogado do antigo oficial de ligação aos adeptos (OLA) do Sporting, que foi recentemente preso por ter ajudado a viabilizar o ataque a Alcochete, a 15 de maio, requereu a alteração da medida de coacção para prisão domiciliária. Pedido foi entregue ao Tribunal do Barreiro um dia após Bruno Jacinto ter sido ouvido, pela segunda vez, pelo juiz de instrução criminal. Em declarações ao Jornal Económico Paulo Camoesas revela que, no segundo interrogatório complementar, que durou cerca de sete horas, o antigo funcionário do Sporting “prestou todas as informações” sobre as agressões na Academia do clube que terão levado às detenções de Bruno de Carvalho e do líder da Juve Leo, as quais, diz a defesa do ex-OLA, “não surpreendem”.

“Requeri um segundo interrogatório complementar para o meu cliente que se realizou a 22 de Outubro e durou cerca de sete horas. Foram prestadas todas as informações importantes para esclarecer o que aconteceu em Alcochete, não só no que Bruno Jacinto teve intervenção directa como também o que presenciou e teve conhecimento. E a 23 de outubro requeri a alteração da medida de coacção para prisão domiciliária”, revelou ao Jornal Económico Paulo Camoesas, advogado do ex-OLA do Sporting que foi detido a 9 de outubro e presente no dia seguinte ao juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro, no distrito de Setúbal, para primeiro interrogatório judicial no dia seguinte.

A 10 de outubro, após mais de três horas de interrogatório, o juiz de instrução criminal decretou a prisão preventiva de Bruno Jacinto, justificando a aplicação da medida de coação de prisão preventiva a Bruno Jacinto, que à data dos incidentes em Alcochete era oficial de ligação aos adeptos, por considerar que existe perigo de fuga, de perturbação do inquérito e de continuação da atividade criminosa.

Neste primeiro interrogatório, Paulo Camoesas, disse ao juiz, nas alegações finais, que quem devia ali estar detido, em vez do seu cliente Bruno Jacinto, eram “André Geraldes [ex-diretor do futebol e braço-direito de Bruno de Carvalho] e o presidente [Bruno de Carvalho].

Ao Jornal Económico o advogado do ex-OLA acrescenta que Bruno Jacinto apenas entregava bilhetes às claques e tinha um papel de suporte ao nível da organização dos jogos. Só quem falava com a Juve Leo era o Bruno de Carvalho”, frisa, recordando que Jacinto ocupou o lugar de André Geraldes, anterior OLA do Sporting, quando este passou para braço direito de Bruno de Carvalho, mas que os contactos com a claque do clube continuaram centralizados.

Defesa de Jacinto nega prisão domiciliária como contrapartida
O Jornal Económico confrontou a defesa do ex-OLA do Sporting sobre se a eventual alteração da medida de coacção do seu cliente para prisão domiciliária não constitui uma contrapartida por ter dado informações sobre  a participação de Bruno de Carvalho nos ataques na Academia do clube, mas Paulo Camoesas desmente: “É falso! Não se tratou de nenhum prémo, mas, sim, de uma mera estratégia de defesa”.

Paulo Camoesas explica aqui que o pedido para alteração da medida de coacção deu entrada no Tribunal do Barreiro a 23 de outubro, mas já passaram três semanas e ainda não houve resposta. “Se assim fosse [contrapartida], já tinha havido uma resposta do Tribunal do Barreiro”, frisa, dando conta que espera que esta resposta surja “até ao fim desta semana”.

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