A Bolsa de Lisboa tem perdido cotadas, que saem de forma voluntária, com muitas a citarem a falta de liquidez como razão, enquanto outras não pensam em entrar porque os fundadores não querem perder o controlo. Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, reagiu a estas e outras conclusões dos relatórios publicados este mês pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), num projeto promovido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A conversa incluiu, naturalmente, o impacto da pandemia nos mercados e no processo de atração de novos emitentes de ações. Tal como no resto da Europa, houve uma pausa, mas já há operações e algumas poderão ocorrer em Portugal, adiantou.
Qual foi o envolvimento da Euronext nos relatórios da OCDE/CMVM ?
É uma iniciativa da CMVM, um trabalho muito interessante e relevante. Desde logo um conjunto de entidades foram envolvidas no trabalho, incluindo a Euronext, para encontrarmos a metodologia e a abordagem, as grandes questões e também um debate, uma primeira avaliação sobre possíveis sugestões de medidas e orientações que poderão contribuir para a capitalização e desenvolvimento do mercado. A iniciativa também revela o compromisso da CMVM em contribuir para o desenvolvimento do mercado e encontrar soluções de mercado para as empresas e para as entidades nacionais em geral. O trabalho tem três componentes. São os dois relatórios publicados agora, mas sobretudo o terceiro, no qual coloco maior ênfase e expectativa e no qual a OCDE vai identificar e sugerir as orientações políticas e propostas concretas em matéria legislativa regulatória e de supervisão para desenvolver o mercado, comparando com outros países que têm tido soluções de sucesso nestas áreas. É bom ter uma fotografia bem fundamentada, com dados e informação objetiva sobre a evolução e da forma de financiamento do tecido empresarial. Estamos a aguardar a terceira parte do trabalho com expectativa, até porque nas próximas semanas, ou poucos meses, estaremos num momento particularmente relevante e no qual estas sugestões podem ser acolhidas, uma vez que o Governo está a preparar o Programa de Recuperação Económica e Social para 2020-2030, que terá de considerar medidas de financiamento, porque há uma ambição grande nesse programa de investimento em diversos eixos estratégicos. Há um envelope de dinheiro público associado, mas não poderá deixar de haver o contributo do financiamento privado se queremos atingir a ambição que estará espelhada nesse plano, e o mercado de capitais tem de fazer aí o seu papel.
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