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“Não podemos ter mil hectares intervencionados com um enclave”, afirma secretário de Estado das Florestas

Arrendamento forçado é apontado pelo secretário de Estado das Florestas como garantia de que “ínfima minoria” não condicione áreas que podem travar incêndios e garantir apoios a produtores até agora excluídos desses rendimentos.
28 Novembro 2021, 17h00

Responsável pela tutela das florestas, depois de ter secretário de Estado da Valorização do Interior no anterior executivo, João Catarino, mostra-se confiante com a reforma em curso no sector, potenciada por verbas do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) que podem ajudar a alterar a paisagem de zonas do país onde têm chegado mais incêndios do que apoios.

Ao apresentar a componente florestal do PRR disse que esta vinha tapar um buraco nos quadros comunitários de apoio. Como se justifica que tenha existido um tal buraco?

Teve muito a ver com a estrutura da propriedade e com a capacidade instalada das organizações de produtores agrícolas e florestais. Nas áreas de minifúndio não existem organizações bem estruturadas, que mobilizam as candidaturas aos fundos comunitários. É uma pescadinha de rabo na boca: os agricultores não se mobilizam por terem reduzida dimensão, as suas explorações não chegam aos fundos comunitários, e não os havendo desaparecem os 50% ou 60% do rendimento dos produtores que provêm dessa via. Por isso é que alicerçámos o programa de transformação da paisagem nas organizações de produtores florestais, robustecendo-as, pois no PRR há também apoio para a capacitação técnica, e majorando as comparticipações. Algumas medidas têm apoios a 100% porque nas espécies florestais – exceto o eucalipto, que não tem apoios neste caso – o proprietário investe hoje para colher daqui a 40 ou 50 anos. Se esta floresta é tão importante para o país e para o planeta, o Estado tem de ajudar a fazê-la. Nas discussões florestais esquecemo-nos de algo muito importante: Portugal é provavelmente o país do mundo com menor área florestal pública.Fazendo floresta em território público não há problema nenhum de tender para a perenidade – uma floresta de uso múltiplo, biodiversa e em que nos foquemos mais na copa do que no tronco.

 

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