O presidente do Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, disse hoje, durante a apresentação de resultados anuais, que “não vamos comprar o Novobanco”, depois de ter admitido que estudou essa operação no passado. “Olhamos para todos os bancos”, frisou.
“A nossa estratégia em Portugal é clara, é de crescimento orgânico”, frisou Pedro Castro e Almeida. “Não está no nosso radar fazer aquisições”, disse o CEO.
Questionado sobre se, num cenário em que o CaixaBank/BPI compra o Novobanco, e por essa via passam a terceiro maior banco à frente do Santander, Pedro Castro e Almeida ironizou dizendo que “é capaz de nos ultrapassar durante um ano, mas depois nós rapidamente recuperamos”.
Citando um provérbio português “para a missa e para o moinho não esperes pelo teu vizinho” o CEO do Santander Portugal disse que “poderá haver vários interessados no Novobanco, mas nós vamos fazer o nosso caminho”.
Pedro Castro e Almeida citou ainda a presidente do Grupo Santander, Ana Botín, para dizer que “não queremos ser o maior em cada país, a nossa preocupação é ser o banco mais rentável e em Portugal nos últimos 25 anos tem corrido bem”.
Sobre a fusão hipotética do CGD e Novobanco, o CEO do Santander, que tem a responsabilidade pelo negócio da Europa (incluindo os bancos Santander em Espanha, Reino Unido, Polónia e Portugal, disse que “na realidade não deixa de ser estranho no panorama europeu um banco público, comprar o quarto maior banco e ficar com mais de um terço do mercado”, mas diz, se tal acontecer, que caberá às autoridades nacionais e à “DGComp analisar” o processo, referindo-se aqui à Concorrência europeia.
O CEO recordou as “palavras do Governador do Banco de Portugal que falou de consequências sistémicas” com uma operação dessas.
Pedro Castro e Almeida lembrou que hoje, e ao contrário de há uns anos, os bancos na Europa estão a transacionar com um price-to-book value de cerca de 1 a 1,1 com rentabilidades da banca acima do custo do capital nos últimos dois anos, o que explica a procura de sinergias, e essas conseguem-se com movimentos de fusão (na banca).
O CEO do Santander sublinhou também que um IPO (Oferta Pública Inicial) é sempre feito “a desconto” e sinergias de escala só se conseguem com fusões e aquisições. Isto a propósito dos cenários em cima da mesa para o futuro do Novobanco.
“Num IPO não há sinergias nenhumas”, disse, lembrando que essa é uma decisão dos acionistas valorizar ou não mais a participação.
“Não tenho visto muitos IPO de banca na Europa”, sublinhou o banqueiro quando questionado se a rentabilidade e o price-to-book atual (preço do mercado em linha com o valor contabilístico) favorece um IPO do Novobanco nesta altura.
O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, disse recentemente que o banco pode analisar eventuais aquisições. Entretanto, o CEO do Banco Comercial Português, Miguel Maya, reafirmou na quinta-feira, citado pela “Bloomberg”, que o maior banco cotado em Portugal planeia continuar a crescer organicamente, embora também possa estudar possíveis negócios quando estes chegarem ao mercado.
Sobre Mário Centeno, que acaba o mandato em julho, e ao contrário do CEO do BPI, o CEO do Santander disse que “não nos cabe a nós como entidade regulada pronunciarmo-nos sobre a escolha do Governador do Banco de Portugal”.
Sobre a venda de casas em 2024, a administração do Novobanco disse que o mercado em 2024 esteve muito alinhado com 2023. “Continua a haver entre um gap muito grande entre a produção de casas e as que são transacionáveis”, disse o administrador Miguel Belo de Carvalho que admite que “o número de casas novas tenha crescido de forma importante em 2024, e que tem andado em torno das 10 a 15 mil desde a crise de 2008, e estima-se que no ano passado ande em torno das 24 a 25 mil casas novas. Mas casas transacionáveis são cerca de 130 mil. No ano passado, foram produzidos 24 mil novos fogos e foram vendidas 26 mil casas novas. Tudo o que é produzido é vendido”.
Pedro Castro e Almeida reforçou que o “grande problema em Portugal é um tema de oferta”, acrescentando que o setor da construção no ano passado subiu 0,8%, “o que é muito baixo”. O CEO do banco que lidera a quota do crédito à habitação lembrou toda a capacidade instalada que foi destruída depois entre 2009 e 2014, com o encerramento de construtoras, contribui para essa escassez da oferta de casas.
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