Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra está a desenvolver um sistema integrado de baixo custo (hardware e software) baseado em drones para o mapeamento de lixo marinho.
O projeto dá pelo nome de “UAS4Litter”, acrónimo de “Mapeamento de lixo marinho com drones low-cost”, e tem como principal objetivo o uso de sistemas aéreos não tripulados (em inglês usa-se a sigla UAS, referente a Unmanned Aerial Systems), acoplados a sensores óticos e multiespectrais para a deteção, busca e inspeção autónoma de lixo marinho em áreas costeiras.
Gil Gonçalves e Filipa Bessa, investigadores principais do projeto explicam o seu funcionamento: “o sistema recolhe imagens de praias, que são posteriormente processadas num software fotogramétrico para formar um grande mosaico georreferenciado e retificado” (ortofoto), o qual é depois submetido a uma análise automática, recorrendo a métodos de inteligência artificial, para a identificação e categorização dos diferentes tipos de lixo – plásticos, vidro, borracha, metal, madeira, entre outros”.
Os primeiros resultados são muito animadores para o planeta, informa este domingo, 27 de setembro, a Universidade de Coimbra: “as várias experiências já efetuadas no âmbito do projeto, que também inclui investigadores da Universidade Nova de Lisboa (NOVA.ID_MARE), mostram que os drones são adequados para identificar e mapear o lixo marinho”. “Realizámos testes com voos de várias altitudes, criámos mapas de lixo e apresentámos abordagens integradas considerando a morfodinâmica dos sistemas costeiros (duna-praia) e a abundância de lixo marinho nestas zonas e ainda a associação a fatores ambientais”, adiantam os investigadores.
Os drones foram ainda testados em sistemas dunares, que acumulam muito lixo e raramente são usados para monitorização do lixo marinho. “Como são zonas sensíveis e devem ser protegidas, usar técnicas que localizem o lixo permite a sua recolha sem grandes intervenções que possam danificar estes ecossistemas”, acrescentam.
Segundo os investigadores, os resultados finais do UAS4Litter “serão traduzidos em orientações práticas para o mapeamento e monitorização de lixo marinho com drones em zonas costeiras, para uma ampla gama de utilizadores finais, o que é crucial para a mitigação da poluição pelo lixo marinho”.
Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o projeto teve início em 2018 e é liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC Coimbra) e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE-UC). A área de estudo está localizada na Figueira da Foz, em três praias arenosas com níveis distintos de poluição marinha e pressões de urbanização.
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