[weglot_switcher]

Natal sem “clichés”

Contudo, uma coisa sabemos: com as crises vem as oportunidades. Pode não parecer neste momento e até para alguns posso estar a ser utópica, mas as crises são dos momentos de maior criatividade e inovação da nossa história.
17 Dezembro 2020, 07h15

Falar de Natal no Natal é um “cliché”. Todos o fazemos, muitos o escrevem, a televisão o anuncia, as montras decoradas são sinal óbvio que chegou o mês do pai natal. A partilha de licores, as broas, a habitual caminhada e encontro de “camaradas” no mercado…tudo isto é tradição, é “cliché”! Não gosto muito de falar sobre “clichés”, por isso ao sentar-me para escrever este texto, falar sobre o Natal ou sobre o fim de mais um ano não era, necessariamente, o que tinha em mente. Mas ao pensar e pensar sobre o que aqui escrever, achei que hoje não poderia deixar de falar sobre o Natal, pois, este Natal não é, decididamente, um “cliché”!

Este natal que se celebra dentro de muitos poucos dias é talvez um dos Natais mais “diferentes” da nossa história pessoal e humana. Se há um ano me dissessem que hoje estaríamos assim, expetantes em saber se vamos nos poder reunir com a nossa família neste natal, diria que alguém estaria maluco. Mas 2020 ensinou-nos uma grande lição: esperar o inesperado!

Se o Natal e o fim de mais um ano é, habitualmente, uma época de reflexão sobre o que fizemos, sobre o que gostaríamos de ter feito, este Natal e este ano que está prestes a terminar é uma lição de vida, daquelas que se escrevem nos livros de história, daquelas que se irão contar aos filhos, aos netos, aos bisnetos, aos trinetos, …. A história de 2020 será contada e relembrada por muitos anos vindouros, como aquele ano em que o normal deixou de ser “normal”; aquele ano onde a incerteza passou a ser a “certeza”; aquele famoso ano onde o estarmos juntos “à distância” passou a ter um significado especial.

Mas mais do que isso neste ano que agora termina e apesar de tantos desafios e de tantas lágrimas derramadas não acho que se deva deixar passá-lo sem reconhecer que apesar da dor, também com este ano se aprenderam muitas coisas novas. Aprendeu-se que as profissões outrora “não essenciais” são essenciais: que seria de cada um de nós sem os padeiros, os funcionários de supermercado, os agricultores, os trabalhadores dos hospitais, os investigadores, entre todos os outros que nos ajudaram e continuam a ajudar a sobreviver uma pandemia à escala mundial?  Aprendeu-se ainda que apesar de sermos todos diferentes somente juntos poderemos fazer a diferença e vencer este vírus que mudou a nossa vida. Porém, de todas as lições aprendidas uma mais se pode aprender: resiliência! Mesmo face à dor e ao sofrimento, o ser humano é capaz de se erguer e seguir em frente, pois o “caminho é para a frente”.

Este ano e este natal foram e serão diferentes. Talvez nunca mais voltemos a ser os mesmos. Talvez os próximos natais não voltem a ser iguais aos do passado. Não o sabemos. Não sabemos também como será 2021. Não sabemos quando voltaremos a ser o que fomos e a verdade é que “só sei que nada sei” são das palavras mais sábias e mais atuais neste momento.

Contudo, uma coisa sabemos: com as crises vem as oportunidades. Pode não parecer neste momento e até para alguns posso estar a ser utópica, mas as crises são dos momentos de maior criatividade e inovação da nossa história. Sabemos que muitos negócios vão falir, mas também sabemos que com muita criatividade e desejo de vencer, outros vão emergir. No final de contas, talvez o que importa é mudarmos a perspetiva e questionarmos, tal como o fez Steve Jobs “Queres passar o resto do tempo da tua vida a vender água com açúcar ou queres ter a oportunidade de mudar o mundo?” Se escolhermos mudar o mundo, poderemos fazê-lo. Não precisamos de grandes gestos, mas se fizermos pequenos gestos estes, todos juntos, tornam-se “grandes”. Assim, faça deste natal um natal sem “clichés” ou seja criativo e construa novos “clichés”. Porém, não se esqueça dos pequenos gestos: use a máscara, lave as mãos, diga obrigada, partilhe palavras invés de abraços,…..pois com estes pequenos gestos se constrói um grande gesto para toda a Humanidade e talvez assim mudemos o mundo!

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.