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NATO debate situação na Europa e alargamento das áreas de influência (com áudio)

A cimeira que tem início esta segunda-feira é a primeira depois da revoada que constituiu a passagem de Donald Trump pela Casa Branca. Promessas de renovado entendimento partem de todos os Estados-membros.
14 Junho 2021, 07h30

Os quatro anos que o antigo presidente norte-americano Donald Trump passou na Casa Branca foram difíceis para a NATO: o republicano transformou cada cimeira em que participou numa espécie de ajuste de contas com os Estados-membros e o seu transversal unilateralismo retirou à aliança uma parte da sua agenda. O novo presidente, Joe Biden preocupou-se desde a campanha eleitoral em afirmar que a sua prestação iria, em termos da NATO, precisamente no sentido oposto: o da coordenação de novos entendimentos e o de promessas de um multilateralismo renovado como única forma de a aliança cumprir os desígnios para que foi criada.

O tempo é, por isso, de renovar promessas de entendimento – e, nesse contexto, a aliança com a Europa e com a União Europeia está no topo da agenda da cimeira. Não é para menos: com a questão da Ucrânia e da Bielorrússia a transportar o império russo de volta a um lugar semelhante ao que ocupava quando se chamava União Soviética, a NATO quer dar uma resposta séria e musculada nestas duas frentes.

Aliás, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, falou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy na passada quinta-feira e ambos discutiram a situação da segurança na Ucrânia e nos arredores (a parte da Ucrânia que está tomada por milícias próximas de Moscovo), e o aumento da presença militar da Rússia, considerada “inaceitável”. O secretário-geral reafirmou o total apoio da NATO à soberania e integridade territorial da Ucrânia e enfatizou que a organização continuará a fornecer apoio político e prático significativo.

Jens Stoltenberg observou que os líderes aliados abordarão o comportamento agressivo da Rússia e o forte apoio da NATO aos parceiros na cimeira e sublinhou que se espera que os líderes aliados reafirmem o seu compromisso com a Ucrânia.

Por outro lado, a cimeira vai também debater “a importância do fortalecimento da NATO num mundo mais competitivo” e “as decisões a serem tomadas no âmbito da iniciativa NATO 2030, que irão preparar a aliança para o futuro”, lê-se em comunicado oficial da organização.

Em termos de alargamento dos seus interesses, vale a pena referir que o secretário-geral Adjunto da NATO, o romeno Mircea Geoana, esteve há poucos dias (a 7 de junho) na inauguração do Centro de Treino Militar de Mulheres na Jordânia, onde teve oportunidade de afirmar que “a NATO e a Jordânia são há muito os parceiros próximos e as nossas forças armadas trabalham lado a lado há muitos anos”. “Este centro de treino está a desempenhar a sua função para levar segurança ao povo da Jordânia e a todo o Oriente Médio”, disse.

A princesa Salma Bint Abdullah, bem como representantes da República Checa e da Noruega, nações líderes do projeto, participaram da cerimónia em Amã – com Salma a fazer história ao tornar-se a primeira mulher a voar a jato nas Forças Armadas da Jordânia.

Para além da Noruega e da República Checa, outros países também ajudaram a financiar a construção do centro através do Fundo Fiduciário III da NATO para a Jordânia; estabelecido em 2014, o fundo concentra-se em melhorar o papel das mulheres militares da Jordânia através de iniciativas de política, infraestrutura e treino. A Jordânia juntou-se ao chamado Diálogo do Mediterrâneo da NATO em 1995.

Por saber-se está se Biden vai ou não regressar a um tema que era uma das maiores preocupações de Trump em relação à NATO e aos seus parceiros europeus: os gastos militares com a aliança, que deviam ser de 2% do PIB de cada Estado-membros, mas que praticamente nenhum país cumpre. Os incumpridores têm uma boa desculpa: afinal, a NATO “não passa de um heterónimo para Estados Unidos da América”, costuma dizer o comentador Francisco Seixas da Costa.

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