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NATO e UE querem aproveitar eleição de Biden para renovar cooperação

Entre as áreas identificadas para a cooperação entre os dois parceiros, Charles Michel destacou a questão da vizinhança, onde é necessário “mais estabilidade e previsibilidade”, sendo por isso necessário que a UE discuta com a NATO “as ferramentas” que ambos estão dispostos a usar “para atingir esse objetivo”.
  • Drew Angerer
26 Fevereiro 2021, 09h18

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, manifestaram hoje vontade de renovar a cooperação entre as duas organizações, aproveitando a “oportunidade única” criada com a entrada em funções de Joe Biden.

“A NATO teve, e tem, um papel crucial na ligação entre a América do Norte e a Europa: partilhamos os mesmos valores democráticos, temos interesses estratégicos comuns e estou totalmente convencido que a nova administração Biden oferece uma oportunidade única para renovar a aliança transatlântica”, salientou Charles Michel, numa curta declaração antes da entrada para a cimeira virtual dos líderes dos 27 que irão abordar hoje a política de segurança e de defesa com a UE com o secretário-geral da NATO.

Frisando que é “muito importante” discutir a política de segurança e de defesa da UE, Charles Michel mostrou-se “muito satisfeito” por poder contar com a participação do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), Jens Stoltenberg, na reunião virtual dos chefes de Estado e de Governo, destacando que uma “parceria forte requer parceiros fortes”.

A seu lado, Jens Stoltenberg também saudou “a mensagem muito forte” enviada pela recém-empossada administração norte-americana de Joe Biden, que mostra que está empenhada em “reconstruir alianças e em fortalecer o laço transatlântico”, e reiterou a necessidade de cooperação entre a NATO e a União Europeia (UE).

“Mais de 90% das pessoas que vivem na Europa também vivem num Estado-membro da NATO, o que só ilustra que partilhamos a mesma população, os mesmos países, a mesma vizinhança e os mesmos desafios, e faz com que seja absolutamente evidente que temos de trabalhar juntos”, referiu.

Entre as áreas identificadas para a cooperação entre os dois parceiros, Charles Michel destacou a questão da vizinhança, onde é necessário “mais estabilidade e previsibilidade”, sendo por isso necessário que a UE discuta com a NATO “as ferramentas” que ambos estão dispostos a usar “para atingir esse objetivo”.

Jens Stoltenberg também reforçou a ideia, salientando que espera que a NATO e a UE possam continuar a trabalhar em questões em que “já trabalham juntas há muitos anos”, dando os exemplos da “estabilização dos Balcãs Ocidentais” ou do “combate à migração no mar Egeu”.

O presidente do Conselho Europeu abordou ainda a necessidade de cooperação face aos “novos tipos de ameaças”, enumerando as ameaças híbridas, os ciberataques e a desinformação.

“Temos de fortalecer a base industrial, melhorar a base tecnológica, e vemos que há sinergias possíveis entre o digital, o espaço e a defesa”, apontou.

Do seu lado, Stoltenberg também destacou a necessidade de trabalhar em temas como a “resiliência, os ciberataques” e contrariar os efeitos das alterações climáticas”.

“Para a NATO, a principal tarefa durante esta pandemia foi a de assegurar que uma crise sanitária não se transforma numa crise securitária, porque as ameaças que enfrentávamos antes da pandemia ainda se mantêm: as ações agressivas da Rússia, formas mais brutais de terrorismos, ciberataques sofisticados, a ascensão da China e as implicações de segurança das alterações climáticas”, referiu.

Nesse âmbito, e asseverando que “nenhum país ou continente consegue enfrentar estas ameaças sozinho”, Jens Stoltenberg saudou os esforços que a UE tem feito desde o início da pandemia, e apontou para a complementaridade que pode haver nesse domínio entre as duas organizações.

“Vemos que os esforços militares na Europa estão a apoiar os esforços civis, a ajudar a estabelecer hospitais de campanha, a transportar pacientes e equipamento médico. Por isso, de alguma maneira, vemos como o setor civil e os esforços da UE, andam de mão dada com os esforços militares em todo o continente”, defendeu.

Após terem dedicado o primeiro dia da cimeira virtual à coordenação dos Estados-membros face à covid-19, os chefes de Estado e de Governo da UE vão hoje trocar impressões com Jens Stoltenberg, sobre questões de defesa.

Os chefes de Estado e de Governo irão também abordar a Bússola Estratégica da UE, um dossiê que procura definir as prioridades do bloco em matéria de defesa e segurança e que está previsto que seja adotado ao nível institucional em março de 2022.

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