A presença do presidente ucraniano (por videochamada) na reunião da NATO que terá lugar esta quarta-feira, 24 de março, em Bruxelas, tem, exatamente por via dessa presença, uma agenda difícil: a maioria dos analistas que têm sitiado os órgãos de comunicação social diz esperar que Volodymyr Zelensky aproveite o palco que lhe é aberto para se queixar daquilo que considera ser o pouco empenhamento da aliança atlântica no apoio à Ucrânia.
Não será a primeira vez, mas Zelensky deverá aproveitar para voltar ao tema da decisão da NATO em não criar um espaço de exclusão aérea sob os céus da Ucrânia e ao facto de a NATO ter estabelecido como regra inviolável a sua presença no país invadido. Por outro lado, como sucedeu com o caso da Alemanha, estas intervenções do presidente da Ucrânia têm revelado que Zelensky tem mais com que se preocupar do que em ser politicamente correto.
De algum modo, dizem os analistas, será uma espécie de despedida: está cada vez mais certo que a Ucrânia está mais longe da NATO do que estava há um mês atrás, quando a guerra começou, e que não há nenhuma evidência (a não ser uma hipotética e muito pouco provável queda do regime russo de Vladimir Putin) de que o país venha, num horizonte espectável, a fazer parte da aliança. No final, todos aplaudirão de pé.
O encontro da NATO servirá também para debater novos caminhos de oposição às iniciativas de Vladimir Putin e a possibilidade de estender as sanções a outras áreas. Segundo a imprensa norte-americana, Joe Biden, que também estará presente – antes de seguir para uma cimeira da União Europeia – insistirá na necessidade de os países europeus decidirem desligar as torneiras através das quais acedem às energias vidas do subsolo russo.
Apesar de tudo, o encontro servirá também para o Ocidente reenviar para o Kremlin uma mensagem de união e de alinhamento de todos com a forma como a NATO está a gerir a resposta à invasão.
Da agenda constará também com certeza o tema da China – que acaba por ser dos mais delicados. Desde logo porque tanto o regime de Xi Jinping como o próprio Joe Biden preferiram manter secreto a maior parte do telefonema de quase duas horas que mantiveram na semana passada. Mas, o certo é que, apesar de pouco se saber, desde esse dia que a China passou a ser incontornável em termos do processo de resolução do problema. O próprio Volodymyr Zelensky disse já que a China deveria fazer mais pela mediação da paz e esperar o seu contributo nesse sentido.
A questão nuclear também estará em cima da mesa. Se havia alguma dúvida, ontem mesmo, segunda-feira, ficou claro que o uso de armamento nuclear é uma opção que a Rússia mantém “naturalmente” em aberto. Numa entrevista à agência Reuters, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que, “como é público e pode ser encontrado na internet”, a opção militar faz parte do entendimento do processo de conflito do Kremilin – nomeadamente numa circunstância em que a Rússia considere que a sua integridade territorial está colocada sob ameaça.
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