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NATO: Suécia numa corrida contra o tempo, mas Turquia não dá garantias

A Suécia e a liderança da NATO querem que o país entre na aliança na cimeira de Vilnius, mas mais ato de agressão ao Islão em Estocolmo está a dificultar tudo.
Recep Tayyip Erdoğan, presidente Turquia
28 Junho 2023, 15h54

O ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, disse que o seu país apoia os esforços da Turquia contra todas as ameaças à sua segurança nacional e condenou todas as organizações terroristas, incluindo o PKK. Billstrom falava numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo britânico, James Cleverly, em Gotland, na Suécia, dando mostras de que o seu governo está a fazer tudo para conseguir entrar na NATO na próxima cimeira, que decorrerá em Vilnius a 11 e 12 de julho.

Billstrom observou que a nova lei antiterrorista que a Suécia aprovou há algumas semanas facilitará a cooperação com a Turquia, bem como com outros países da NATO e da União Europeia. A Suécia está pronta para ser “um aliado ativo e leal” e contribuir para a segurança dos membros da NATO desde o primeiro dia.

Apoiando ativamente a entrada da Suécia, James Cleverly, disse que o Reino Unido continuará a pressionar para uma rápida conclusão da adesão da Suécia à NATO. “Continuaremos a pressionar para a rápida conclusão do processo de adesão”, disse. “A Suécia deve e deve aderir à NATO e deve fazê-lo o mais rapidamente possível”.

Estados Unidos e a própria NATO têm pressionado fortemente a Turquia para que se apresse a levantar o embargo à entrada da Suécia na NATO. Mas nenhuma pressão foi para já suficiente para demover o novo governo turco – agora ainda mais controlado por Recep Erdogan.

Pelo contrário, os sinais que chegam de Ancara vão precisamente no sentido oposto: o novo ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, condenou esta quarta-feira, de forma veemente, a queima do livro sagrado muçulmano, o Alcorão, na Suécia, numa intervenção que pretendia assinalar o primeiro dia do feriado islâmico de Qurban Bayram, também conhecido como Eid al-Adha.

“Condeno o ato desprezível cometido na Suécia contra o nosso livro sagrado, o Alcorão, no primeiro dia do Eid al-Adha! É inaceitável que esses atos anti-islâmicos sejam permitidos a pretexto da liberdade de expressão. Pactuar com atos tão hediondos é cumplicidade”, escreveu no Twitter.

Na capital sueca, Estocolmo, uma pessoa identificada como sendo Salwan Momika, de origem iraquiana, queimou o Alcorão em frente à mesquita da cidade esta quarta-feira – repetindo um ato que já aconteceu antes. A polícia rodeou o manifestante aparentemente para que este não entrasse na mesquita e não fosse alvo de alguma retaliação, mas os jornais turcos referem que as forças de segurança estariam apenas preocupadas em defender Momika.

É o regresso de um membro do governo turco a uma retórica que vai sendo repetida desde há várias semanas. E a sua repetição leva os analistas a afirmarem que, ou Ancara não levantará o embargo até à cimeira de Vilnius, ou ‘venderá cara’ a sua autorização.

Ainda na semana passada, Erdogan disse, comentando o assunto, que considera uma deslealdade a afirmação de que Ancara alinha um possível levantamento do veto à Suécia com a eventualidade de os Estados Unidos atribuírem à Turquia a possibilidade de comprarem armamento de última geração. O presidente reeleito disse que os assuntos não se cruzam – mas o certo é que o veto mantém-se, várias semanas depois de a Finlândia já se ter transformado no 31º Estado-membro da aliança.

A NATO considera que a permanência da Suécia fora do perímetro da aliança desguarnece um dos flancos mais sensíveis do seu território – precisamente aquele que, no Mar Báltico, faz fronteira com a Rússia.

 

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