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Navigator investe 158 milhões de euros para atingir neutralidade carbónica em 2035

As florestas sob gestão da The Navigator Company em Portugal têm um ‘stock’ de carbono, excluindo o carbono no solo, equivalente a 5,4 milhões de toneladas de CO2, o equivalente às emissões que seriam geradas por 1,5 milhões de carros a percorrer uma distância equivalente ao perímetro do planeta.
  • Jose Manuel Ribeiro/Reuters
8 Outubro 2019, 14h31

A The Navigator Company (ex-Portucel) vai investir 158 milhões de euros para atingir a neutralidade carbónica em 2035, anunciou esta terça-feira, dia 8 de outubro, João Paulo Oliveira, administrador executivo da empresa, no Fórum de Sustentabilidade, evento que o grupo organizou e que está a decorrer na fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Desta forma, a Navigator “é a primeira empresa portuguesa – e, também, uma das primeiras a nível mundial – que assume o compromisso de antecipar, em 15 anos, a sua neutralidade carbónica, o que lhe permitirá ter, até 2035, todos os seus complexos industriais neutros em emissões de carbono”, de acordo com um comunicado da empresa.

A iniciativa em curso contou com o apoio de António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, com uma carta endereçada aos participantes do evento. “É com muito gosto que me dirijo a este Fórum de Sustentabilidade e saúdo a vossa dedicação ao tema da emergência climática”, referiu António Guterres nessa missiva.

“De facto, as alterações climáticas são uma ameaça à nossa existência e, por isso, a questão que define o nosso tempo. O desafio é grande, exige muito mais ambição, mas sabemos que existem soluções.”, acrescentou António Guterres na referida carta.

“Perante o objetivo estabelecido pela União Europeia para uma Europa neutra em emissões de CO2, em 2050, e face ao compromisso assumido por Portugal em atingir esta meta até essa data, a The Navigator Company decidiu ser mais ambiciosa e antecipar em 15 anos as metas fixadas”, destaca o comunicado da produtora nacional de pasta e papel.

Segundo os responsáveis da empresa, “sendo o desafio das alterações climáticas uma prioridade, a Navigator criou o seu próprio roteiro para a neutralidade carbónica, o qual envolve um conjunto ambicioso de investimentos em energias renováveis e novas tecnologias, que permitirão reduzir as emissões de CO2 e a plantação de floresta de modo a realizar a compensação das emissões não passíveis de eliminar”.

“As florestas sob gestão da The Navigator Company em Portugal têm um stock de carbono, excluindo o carbono no solo, equivalente a 5,4 milhões de toneladas de CO2. Este montante é o equivalente às emissões que seriam geradas por 1,5 milhões de carros a percorrer uma distância equivalente ao perímetro do planeta”, sublinha o mesmo comunicado.

O documento em questão destaca ainda que a Navigator, “nas suas áreas de proteção da natureza (cerca de 11 mil hectares, mais de 10% da área total) protege um total de 235 espécies de fauna e 740 espécies de flora, um número de espécies protegidas que tem vindo a aumentar, contrariando a tendência mundial em que o número de espécies protegidas está a diminuir”.

“A produção de pasta e papel por parte da The Navigator Company é feita através de utilização de florestas que são plantadas exclusivamente para esse efeito. Todos os anos os nossos viveiros dão vida a mais de 12 milhões de árvores. Estes viveiros, os maiores da Europa, produzem 135 espécies diferentes de árvores e arbustos, grande parte, não tendo viabilidade económica, são financiadas pela Navigator com o objectivo e manter a diversidade e de garantir que é mantida a continuidade da espécie”, assinala o referido comunicado.

A The Navigator Company recorda também que, no início deste ano foi a única empresa portuguesa a receber a classificação de líder global no combate às alterações climáticas, pelo “Carbon Disclosure Project” (CDP), alcançando um lugar de destaque na lista ‘A’ desta organização internacional.

“A companhia foi reconhecida pela sua atuação, em 2018, ao nível da redução de emissões, diminuição dos riscos climáticos e desenvolvimento de uma economia de baixo impacto de carbono”, realça o comunicado da empresa.

A The Navigatore Company reclama ser a terceira maior exportadora portuguesa, representando aproximadamente 1% do PIB nacional e 2,4% das exportações nacionais de bens, assumindo que é a empresa nacional que gera o maior Valor Acrescentado Nacional.

Em 2018, a The Navigator Company teve um volume de negócios, de cerca de 1,6 mil milhões de euros.

Cerca de 91% dos produtos do grupo são vendidos para fora de Portugal, e têm por destino aproximadamente 130 países.

“Com uma atividade florestal verticalmente integrada, o grupo dispõe de um Instituto de Investigação Florestal próprio, referência mundial no melhoramento genético do Eucalyptus globulus. Gere em Portugal uma vasta área florestal, 100% certificada pelos sistemas internacionais FSC® (FSC C010852) e PEFC™ (PEFC/13-23-001). Dispõem de uma capacidade instalada de 1,6 milhões de toneladas de papel, de 1,6 milhões de toneladas de pasta (80% integradas em papel), 120 mil toneladas de ‘tissue’ produto acabado, produzindo cerca de 2,5 Twh de eletricidade anualmente, sendo responsável por cerca de 4% da produção de energia de Portugal e de 52% da energia produzida a partir de biomassa”, destaca o comunicado em questão.

Na carta em questão, o secretário-geral das Nações Unidas referiu ainda que “a participação ativa do setor empresarial é essencial”, garantindo: “conto com a vossa liderança e o vosso apoio.”

O Fórum de Sustentabilidade da The Navigator Company “é uma iniciativa que visa potenciar a colaboração entre a Navigator e as várias entidades e personalidades que fazem parte da sua esfera de atuação, desde organizações da sociedade civil a universidades, passando por clientes e fornecedores”, reunindo duas vezes por ano, com uma sessão dedicada aos membros permanentes e outra alargada a vários ‘stakeholders’.

As sessões alargadas têm um tema central, alvo de debate e aprofundamento, contribuindo para a formulação da política corporativa e estratégica em assuntos de responsabilidade social e ambiental, potenciando plataformas de entendimento e cooperação entre a Navigator e os seus principais ‘stakeholders’.

No total, já se realizaram oito sessões que contaram com mais de 600 participantes.

Entre outros responsáveis, a edição do Fórum da Sustentabilidade que está a decorrer com a participação de António Martins da Costa, administrador executivo da EDP; António Rios Amorim, presidente e CEO da Corticeira Amorim; Francisco Ferreira, presidente da Zero; Nuno Lacasta, presidente da APA – Agência Portuguesa do Ambiente; Maria Mendiluce, diretora geral de clima e energia do WBCSD – World Business Council for Sustainable Development; Isabel Barros, administradora exercutiva da Sonae MC; Luís Mesquita dias, CEO da Vitacress; Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés; e João Castello Branco, CEO da The Navigator Company.

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