A postura prudente por parte das instituições financeiras vai ser “vital” sobretudo num ambiente de tensões geopolíticas. Esta foi uma das ideias principais deixadas por N’Gunu Tiny, fundador da Media Nove, na abertura do Fórum Banca 2025, que acontece esta quarta-feira, em Lisboa, e é organizado pelo JE.
“O Fórum Banca 2025 é espaço privilegiado para refletirmos sobre os desafios e as oportunidades que se desenham no setor bancário e financeiro europeu e em particular em Portugal”, começou por dizer o empresário no Fórum Banca 2025.
Ao refletir sobre o presente e o futuro do setor bancário, N’Gunu Tiny considera essencial olharmos para o passado recente e as lições que dele extraímos. “Considerando a última recessão económica e os seus efeitos económicos e sociais talvez seja acertado afirmar que o setor financeiro bancário teve oportunidade de refletir e amadurecer com esta experiencia especialmente na forma como lideram com a pandemia”.
“Hoje os bancos europeus, como sabemos, apresentam posições de capital e liquidez robustas, refletindo a resiliência dos seus ativos e uma rentabilidade que exige níveis que não víamos desde o inicio da supervisão bancária pelo BCE. Este desempenhado é em grande parte impulsionado pelas taxas de juros elevadas que embora tragam benefícios colocam também desafios significativos”, continuou N’Gunu Tiny.
O Fundador do Grupo Media Nove afirmou ainda que num ambiente marcado por “tensões geopolíticas e incertezas macroeconómicas é vital que as instituições financeiras mantenham uma postura prudente e vigilante avaliando constantemente as implicações que estas variáveis podem ter nos seus negócios e operações”.
Conforme apontado pela revista The Banker, 2025 promete ser um ano de fusões e aquisições neste setor. Este movimento motivado pelo excesso de capital e pelas pressões para cortar custos revelam um cenário de transformação especialmente para os bancos portugueses que enfrentam um aumento de custos operacionais devido à inflação e aos novos desafios salariais.
“A estagnação observada no rácio de eficiência levanta questões sobre a legitimidade dos cenários de fusão. Com a descida dos juros os lucros recorrentes da banca provavelmente serão mais baixos e exigindo dos bancos uma inovação da sua estratégia para compensar a redução da margem financeira”, explicou.
Antes de terminar – passando pelas notas de agradecimento aos convidados e parceiros do evento de hoje -, N’Gunu Tiny sublinhou que a expansão da quota de mercado numa cadeia competitiva face a novos players será um desafio que exigira a nossa atenção e inovação contínua. Ademais, adianta N’Gunu Tiny, é crucial que consideremos as indicações do Relatório Draghi, que nos alerta sobre a dimensão das empresas europeias, incluindo os bancos, e o que isso significa para a nossa competitividade em relação aos Estados Unidos e à China.
“A regulação financeira, as diferenças nas normas entre a Europa e os EUA, e os avanços tecnológicos são tópicos que não podemos ignorar. Para este ano de 2025, será essencial debater se devemos manter regras mais rigorosas na Europa, sempre com o objetivo de preservar a competitividade no sector. Neste contexto, o futuro da banca não pode ser construído sem aproveitar as vantagens da digitalização e da inteligência artificial. Estamos a vislumbrar um modelo de negócio orientado para a personalização e a eficiência, numa evolução que pode ser comparada à observada na indústria do entretenimento, com serviços personalizados semelhantes a plataformas de streamings”. Exemplos disso incluem: Bancos Digitais (Neobanks), Plataformas de Fintech, Modelos de Open Banking, Bancos com Inteligência Artificial, Bancos de Impacto Social.
“A atividade financeira bancária é um bem de primeira necessidade e como tal vai sempre existir. O que está a mudar e continuará a mudar é o papel dos bancos no desenvolvimento dessa atividade. Os resultados dependerão da sua capacidade de reinvenção”, afirmou o Fundador do Grupo Media Nove, que reitera: “É essencial que tenhamos acesso a informação credível e confiável. No JE, a nossa missão é promover um jornalismo rigoroso, livre e credível”.
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