A Nickel assume-se como uma instituição financeira, mas qual é o seu papel na sociedade? Segundo a CEO, Marie Degrand Guillaud, as instituições financeiras têm um “papel enorme na sociedade”. Estas instituições satisfazem desde as mais “básicas necessidades do nosso dia-a-dia até às mais sofisticadas, como responsabilidades macroeconómicas”.
A empresa de origem francesa nasceu em 2014, numa altura em que percebeu que as contas bancárias eram uma commodity, “um produto que os bancos tradicionais tinham de oferecer, mas que não era um serviço, e os clientes aceitavam. Agora, muitas coisas se alteraram nas tradicionais instituições financeiras”, salientou ao Jornal Económico (JE).
Com atividade há dez anos, a empresa já abriu mais de 4,5 milhões de contas.
Em 2022, a empresa chegou a Portugal, na mesma altura em que ultrapassou os dois milhões de clientes em França. A empresa distingue-se por tornar possível a abertura de uma conta online ou através de um ponto de venda, nomeadamente quiosques ou tabacarias. Na abertura de conta, o cliente recebe o cartão de débito e um IBAN português.
A atuar há cerca de dois anos em Portugal, a instituição de pagamentos já conta com cerca de 700 agentes, sendo “a maior rede comparada com qualquer banco tradicional”, refere João Guerra, CEO da Nickel Portugal. O CEO sublinhou ainda que a “adesão tem sido boa” desde que as pessoas conhecem a marca e criam confiança nela.
Esta confiança é adquirida através do investimento na marca, que tem sido feito pela Nickel, sendo que a confiança é “muito importante neste negócio”.
O seu modo de operar é um “modelo híbrido”, que veio encontrar o seu espaço no mercado português, que é “muito maduro, muito evoluído e com muita capacidade financeira”, afirmou João Guerra, explicando que para entrar é necessário um “modelo inovador que efetivamente traga algo de novo ao setor”.
Este modelo é também “uma forma de levarmos alguma remuneração ao comércio local, que sabemos que é muito importante, e de levar mais serviços a zonas que estão a ficar desertificadas”, declarou.
O setor financeiro português tem-se adaptado às novas tecnologias, adotando-as e aproveitando-as para reduzir custos e entrar muito mais no mundo digital. Contudo, o CEO da Nickel Portugal salienta que esta aquisição trouxe aspetos positivos e negativos, sendo um deles a desertificação financeira, ou seja, a redução de balcões.
Esta redução de balcões está associada a uma diminuição de custos, tendo os bancos “aproveitado todas estas novas tecnologias, a nova capacidade tecnológica, para reduzir custos e entrar muito mais no digital”, referiu João Guerra.
A desertificação financeira leva a que simples atos do dia-a-dia, como levantar ou depositar dinheiro, sejam mais complicados em muitas zonas. Foi neste problema que a Nickel viu uma oportunidade. “Vimos que em Portugal havia um desagrado das pessoas com a banca, que tinha muito a ver com este aspeto”, apontou o CEO da Nickel Portugal.
À desertificação aliou-se o desagrado dos portugueses com os custos de manutenção de conta, “que são custos relativamente elevados, nomeadamente para um estudante, um jovem que ainda usa a sua conta para os básicos”.
Para colmatar estes dois desagrados, o modelo da Nickel “encaixou muito bem na sociedade portuguesa”. “Viemos com um produto simples, com custo justo, muito acessível e com estes pontos de venda que estão presentes no dia-a-dia”, salientou.
Sem dúvida que a inovação e os novos modelos de negócio vão ter de ser adotados pelas instituições financeiras e bancárias, uma vez que estes novos modelos “vão conquistar o mundo”, referiu Marie.
Na opinião da CEO, a primeira coisa a considerar nesta evolução é a conta corrente. “É o produto e o serviço principal, o que as pessoas mais precisam, e precisamos de nos focar nele e trazer o melhor serviço ao melhor preço”.
Depois, é necessário ter “vantagem na inovação e na tecnologia. Estas têm de trazer valor acrescentado para todos”. A Nickel foi a primeira empresa a trazer “informação em tempo real sobre a conta bancária”, uma jogada considerada importante e inovadora, uma vez que permite que o cliente tenha noção de quanto vai gastando ao longo do dia e onde gasta.
Em Portugal, a adesão dos portugueses a esta conta tem sido “boa”. “Quando as pessoas percebem as mais-valias e quando conhecem a marca, a adoção é fácil”, referiu João.
“O que nós temos visto, mesmo comparando com as taxas de crescimento de outros países, é uma evolução muito positiva e vem muito com aspetos relacionados com a insatisfação dos clientes com a banca”, salientou.
A Nickel “entrou muito bem no mercado português, principalmente porque veio endereçar aquilo que eram as principais dores de cabeça dos portugueses: custos e proximidade”, frisou.
Numa visão para o futuro do setor, a CEO da Nickel refere que vamos continuar a ver “grandes movimentos e grandes mudanças”. “É uma indústria muito inovadora, onde as pessoas querem produtos mais simples e a preços justos”, sublinhou.
“Não podemos esquecer os básicos; temos de ter uma user experience que seja boa, fácil, intuitiva e que faça os clientes sentirem-se agradados e que consigam fazer as coisas rapidamente, quando precisam”, afirmou João.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com