Os níveis da poluição do ar voltaram a atingir os níveis registados antes do período de confinamento decretado em Wuhan, na China e os cientistas olham para uma Europa em desconfinamento com receio que o mesmo possa vir a acontecer.
De acordo com os dados do Centro de Pesquisa da Energia e do Ar (CREA, sigla em inglês), citados esta terça-feira, pelo jornal “The Guardian”, as concentrações de partículas finas (PM2,5) e dióxido de nitrogénio (NO2) na China estão agora aos mesmos níveis registados há um ano, valores que contratam com os níveis de março, quando o país se encontrava em quarentena, quando foi registado uma queda de 38& dos níveis de NO2 e 34% dos níveis de PM2,5, em relação a 2019.
“As indústrias altamente poluentes foram as mais rápidas a recuperar da crise do que o resto da economia. É essencial que os reguladores priorizem a energia limpa”, apelou Lauri Myllyvirta, analista de Crea.
O grupo de consultoria em energia Wood Mackenzie prevê que a procura pelo petróleo da China recupere para níveis quase semelhantes aos do segundo trimestre de 2020.
As cidades europeias também sofreram um grande alivio da poluição do ar durante o surto de vírus. Dados do Serviço de Monitorização da Atmosfera Copernicus (Cams), que rastreia a poluição em 50 cidades europeias, mostram que 42 delas registram níveis abaixo da média de NO2 em março.
Londres e Paris tiveram reduções de 30% no NO2, um poluente produzido principalmente por veículos a gasóleo. Em Lisboa, a redução dos níveis poluentes atingiram os 80% e nalguns locais do Porto os 60%.
“Antecipamos que a poluição recupere, mas ainda não conseguimos demonstrar isso”, explica Vincent-Henri Peuch, diretor da Cams ao jornal britânico. “Não sabemos como o comportamento das pessoas vai mudar, por exemplo, evitar o transporte público e, portanto, confiar mais nos seus próprios carros ou continuando a trabalhar em casa”.
Apesar de tudo, os cientistas reconhecem que é difícil distinguir as mudanças da poluição causadas pelas medidas de confinamento e os seus relaxamentos subsequentes de outros fatores, como o clima e a interação química dos poluentes.
A primavera é a estação mais poluída da Europa Ocidental nos anos normais, devido ao início do ciclo agrícola, que causa emissões de amoníaco que formam partículas nas cidades.
A equipa do Cams está atualmente a trabalhar com o Centro de Supercomputação de Barcelona para desvendar esses fatores e produzir estimativas robustas do efeito do coronavírus.
A poluição do ar tem sido associada a danos no coração e nos pulmões e a muitas outras doenças, incluindo diabetes e inteligência danificada. É provável que afete praticamente todos os órgãos do corpo.
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