Peter Carlsson, também co-fundador da companhia, disse que a companhia precisa de angariar entre mil a 1.200 milhões de dólares (960-1.150 milhões de euros) para restaurar o negócio.
“Pessoalmente, este é um dia emocional”, disse o executivo que qualificou a empresa como um “bébé” para si, segundo a “Reuters”.
A empresa disse na quinta-feira que tinha apenas dinheiro para apoiar as suas operações durante uma semana, mas que conseguiu assegurar 100 milhões de dólares em novo financiamento.
A empresa emprega 6.600 trabalhadores em sete países.
O gestor vai manter-se no conselho de administração e manter-se como conselheiro sénior.
A Northvolt procura agora um novo CEO e o cargo vai ser ocupado interinamente com a administradora financeira Pia Alltonen-Forsell.
A companhia falhou algumas metas para aumentar a produção que tinha previsto anteriormente na sua fábrica de baterias no norte da Suécia.
“Fomos muito ambiciosos no timing em que pensámos que poderíamos atingi-lo”, afirmou o gestor.
A empresa sueca está a procurar um ou mais parceiros para financiar a sua reestruturação de forma a manter-se viável, o que inclui a conclusão de grandes fábricas de baterias na Alemanha e no Canadá.
No documento de proteção de contra credores, submetido no tribunal do Texas, a companhia estabeleceu o prazo do início de dezembro.
Caso não hajam ofertas, a companhia admite o cenário de “liquidação ordeira”.
“A Northvolt confia que pode evoluir com os seus milhares de milhões de investimento, tecnologia e instalações para atingir uma recapitalização que maximize o valor ou venda sob o capítulo 11”, segundo o documento citado pela “Reuters”.
Como escreveu o JE a 28 de outubro, a Galp garantiu que só vai avançar com a sua refinaria de lítio em Setúbal quando confirmar que vai haver lítio extraído em Portugal.
“Estamos nas fases finais de detalhes, como relacionados com a engenharia e com os incentivos. Muito trabalho foi feito e continua a ser feito”, começou por dizer o CEO.
“O mercado está muito desafiante. Não temos pressa de tomar uma decisão final de investimento (FID) até vermos retorno apropriado para o projeto. Não parece que estejamos lá”, acrescentou Filipe Silva na call com analistas para apresentar os resultados trimestrais.
O gestor mostrou a sua preocupação que o projeto fique “órfão, caso não haja mineração em Portugal. Não vamos tomar decisão final de investimento até vermos mineração em Portugal”.
É a primeira vez que o presidente-executivo da Galp revela preocupações tanto com a extração do lítio em Portugal, como com a rentabilidade do projeto.
O projeto tem sido noticiado, mas devido aos problemas financeiros do seu sócio: os suecos da Northvolt que tem estado a negociar um pacote de resgate no valor de 300 milhões de dólares junto de credores e investidores.
Esta pode vir a ser uma bóia de salvação para a parceira da Galp na refinaria de lítio de Setúbal que tenta assim ganhar tempo para estabilizar a sua produção e garantir financiamento para o longo prazo.
O projeto da refinaria de lítio para Setúbal viu o seu custo previsto subir de 700 milhões, estimado em 2022, para um valor entre os 1.100 e os 1.300 milhões de euros.
A Unidade Industrial de Conversão de Lítio (UICLi) está a ser desenvolvida pelo consórcio Aurora Lithium, da Galp e dos suecos da Northvolt.
A entrada em operação está prevista agora para 2028, dois anos mais tarde do que o inicialmente previsto. O projeto ainda aguarda pela decisão final de investimento pelos promotores. Por ano, vai sair daqui o lítio suficiente para equipar as baterias de 650 mil automóveis.
O BEI está a avaliar investir 825 milhões de euros nesta unidade, que será a maior da Europa quando for inaugurada.
Em termos de postos de trabalho, o promotor prevê a criação de 357 postos de trabalho diretos e três mil indiretos, “dos quais 70% altamente qualificados, assim como a nível nacional, pela promoção do crescimento sustentado da cadeia de valor das baterias de lítio em Portugal, através da produção de um produto que atualmente não integra a base produtiva do país”, segundo o estudo de impacte ambiental (EIA).
A Galp disse em meados de setembro que o “aumento do valor do investimento, atualmente estimado entre 1,1 e 1,3 mil milhões de euros, resulta do reforço da complexidade do projeto devido a um esforço de melhoria de processos de engenharia e de performance nas áreas ambiental –utilização integral de águas residuais, redução de emissões, componente de utilização de energias renováveis, etc. – e económica, e do aumento da sua capacidade das 28 para as 32 mtpa”.
Sobre a data em que podem tomar decisão final sobre o projeto, a companhia portuguesa disse em setembro.: “a Galp e a Northvolt continuam empenhadas na execução do projeto Aurora. No entanto, devido à natureza e complexidade do projeto, continuam a ser desenvolvidas ações (incluindo acesso a fundos nacionais ou europeus que nos permitam competir com outros projetos e que ainda não estão garantidos) e os estudos indispensáveis para a tomada de decisão final de investimento. É também determinante termos confiança sobre a data de início de produção de concentrado de espodumena das minas em Portugal”
Os suecos angariaram financiamentos de 10 mil milhões de dólares desde 2017, entre dívida e capital, mas a luta tem sido dura contra os gigantes chineses do sector, como a BYD ou a Contemporary Amperex Technology Co., que fabricam baterias há décadas e a preços muito competitivos.
O maior acionista da empresa, a Volkswagen, já garantiu que vai ajudar a Northvolt a aumentar a produção, mas não deu detalhes como. Já o segundo maior acionista da Northvolt é a Goldman Sachs AM que está a equacionar entrar no pacote.
O bridge funding (um financiamento de curto prazo até uma solução definitiva) está a ser combinado por acionistas, credores e clientes que estão a participar neste pacote.
Este pacote iria garantir uma almofada financeira para assegurar um financiamento de longo prazo que garante a sustentabilidade da empresa.
Apesar da grande carteira de encomendas, a empresa tem tido dificuldade em entregar as baterias com qualidade e a um ritmo aceitável.
O cancelamento de um contrato de dois mil milhões de euros pela BMW em junho expôs os problemas da companhia, a par de uma desaceleração da procura por carros elétricos.
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