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Nova barragem em Vila Real com investimento na casa dos mil milhões

A Iberdrola está a preparar um novo projeto com mais de um gigawatt no rio Tâmega, com o investimento a rondar os mil milhões de euros, estima especialista. Novo projeto coloca a Iberdrola na segunda posição nacional das maiores empresas hídricas. Investimento da companhia em Vila Real ascende aos 2,85 mil milhões de euros.
15 Julho 2025, 07h00

A Iberdrola está a preparar um novo investimento no rio Tâmega, no distrito de Vila. O Aproveitamento Hidroelétrico de Minhéu vai contar com mais de 1,3 gigawatts (GW) de potência instalada.

Quando estiver concluído, a companhia espanhola vai passar a deter 2,8 gigawatts de capacidade nesta região, com o investimento a atingir 2,85 mil milhões de euros só no distrito de Vila Real.

Para o especialista António Sá da Costa, o investimento deve ficar na “casa dos mil milhões de euros”. “É uma boa notícia, faz falta ter mais armazenamento. Oxalá a Agência Portuguesa do Ambiente [APA] deixe passar”, disse o engenheiro hidráulico ao JE.

Questionada pelo JE, a Iberdrola Portugal disse que o projeto ainda está numa “fase muito inicial do trâmite de licenciamento ambiental” e que para um investimento deste tipo “são necessários mecanismos de capacidade que garantam fluxos financeiros previsíveis e regulados”.

“Portugal, após o apagão com origem em Espanha, está preocupado com a sua segurança de abastecimento – a bombagem garante o armazenamento de energia, a segurança do abastecimento e a capacidade de reposição do sistema elétrico (blackstart)”, segundo fonte oficial que não avançou com o valor do investimento.

Vão ser 4 turbinas reversíveis com potências de 330 megawatts (MW) cada uma, o que significa que tanto podem turbinar água (produzir eletricidade) como bombar (enviar a água novamente para cima para ser reciclada e poder voltar a ser aproveitada novamente para produzir eletricidade).

O projeto consiste na construção de um reservatório na zona de alto de Minhéu e depois um circuito hidráulico com 5 km, maioritariamente subterrâneo, com a central em caverna, e a tomada/restituição de água a ser feita na albufeira do Alto Tâmega, que já se encontra em operação. A ideia é aproveitar a queda com cerca de 750-800 metros. A eletricidade será escoada através da ligação à subestação da REN de 400kv em Ribeira de Pena.

“O Projeto do AH de Minhéu foi concebido como uma infraestrutura complementar ao AH do Alto Tâmega, com o objetivo de maximizar a eficiência energética e a capacidade de armazenamento do sistema”, segundo o licenciamento ambiental.

A empresa tem como objetivo começar a produzir eletricidade em 2032/2033.

A companhia espanhola continua a apostar nesta região onde já conta com o projeto Gigabateria do Tâmega, um investimento superior a 1,5 mil milhões de euros, com 1,2 gigas de potência.

Este projeto conta com três barragens hídricas – Gouvães, Daivões e Alto Tâmega – com capacidade para abastecer mais de 400 mil famílias, o equivalente aos concelhos de Braga e Guimarães. Tem também uma capacidade de armazenamento de 40 milhões de kWh de eletricidade, o equivalente à energia consumida por todos os portugueses durante 24 horas.

No futuro, vai ganhar mais duas centrais eólicas com uma capacidade total de 275 MW, um investimento de 350 milhões de euros, na que vai ser o maior projeto eólico em Portugal quando estiver concluído.

Tudo somado, a Iberdrola pode ficar com uma potência de 2,8 gigawatts instalada na zona de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, num investimento total de 2,85 mil milhões de euros.

A concretizar-se, a Iberdrola passa a ser a segunda maior operadora hídrica em Portugal, passando dos 1,2 gigas para os 2,5 gigas de potência instalada, ultrapassando os franceses da Movhera que contam com 1,7 gigas. Na liderança está a EDP que conta com 4,5 gigas de potência instalada.

Segundo explica a empresa, o “reservatório a executar não utiliza água de nenhuma bacia, ou seja, a única água utilizada durante a exploração do aproveitamento será a concessionada na albufeira de Alto Tâmega”.

Esta configuração “permitirá operar em regime reversível, utilizando a diferença de cota entre os dois corpos de água para bombagem e turbinagem, contribuindo para a produção adicional de cerca de 2.500-3.000 GWh por ano”.

A Iberdrola sublinha que o projeto de Minhéu está alinhado com os “principais instrumentos de política climática e energética nacionais, como o Plano Nacional Energia e Clima (PNEC 2030) e o Roteiro
para a Neutralidade Carbónica 2050, contribuindo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e para a segurança do abastecimento energético em Portugal”.

O próprio PNEC 2030 prevê um aumento da capacidade de bombagem em Portugal em 300 megawatts até 2030 para 3,9 gigawatts. Já a potência hídrica instalada atinge os 8,1 gigawatts.

Além do projeto do Tâmega da Iberdrola, já em funcionamento, a EDP previa reconverter a barragem do Alto Lindoso para passar a contar com 300 megawatts de bombagem, mas o projeto foi chumbado pela APA no final de 2024, o que coloca em risco a meta prevista no PNEC.

Na proposta de definição de âmbito, a Iberdrola sublinha que “dada que a tipologia do projeto implica a construção de um reservatório para produção energética através da diferença de potencial com a barragem do Alto Tâmega, a localização do mesmo terá de ser na área envolvente da mesma”.

“Adicionalmente, o reservatório terá de se localizar a uma cota que torne o projeto sustentável, e a localização do mesmo é condicionada ao local mais favorável para aproveitar a melhor geologia, o maior potencial de queda, as limitações técnicas das máquinas reversíveis e sempre com base a minimizar os condicionantes ambientais, e tudo isso para otimizar a eficiência do projeto entre o futuro reservatório de Minhéu e a albufeira do Alto Tâmega. No que se refere à tomada inferior em Alto Tâmega, considera-se que a única opção seja localizada próxima à barragem de Alto Tâmega e na margem esquerda do mesmo”, pode-se ler.

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