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Nova bolha Imobiliária!

Conseguirão as famílias aguentar em certos casos? Voltaremos a ter a banca como uma imobiliária, porque não terá alternativa se não reaver os imóveis dos incumpridores? Julgo que sim.
9 Agosto 2018, 07h04

Já começam a fazer-se sentir e ouvir estudos sobre aquilo que poderemos chamar “a nova bolha imobiliária”. Fará Sentido? Julgo que sim, e até irei mais longe.

No fundo, nada de novo se está a passar. Historicamente sabemos que, em ciclos económicos mais favoráveis, sejam quais forem as razões efetivas para tal, pelo facto de Portugal ter saído do plano de ajustamento económico e financeiro, pelo facto da banca ter conseguido estabilizar a sua condição financeira, voltando inclusivamente aos lucros, estão reunidos os “ingredientes” para que o mercado imobiliário se desenvolva rapidamente, passando a existir crédito disponível, mesmo a taxas zero ou negativas.

Muitos poderão dizer que tal facto em sim não significará algo de negativo até porque as taxas de esforço dos empréstimos reduziu substancialmente. É verdade, mas convém não esquecer que quando for necessário recolocar estes imóveis no mercado, por que preço conseguirá vender? Será que sequer chegam ao valor de aquisição?

Dependerá da altura com certeza. E se os juros sobem para valores ditos normais, qual o impacto nas prestações do crédito? Conseguirão as famílias aguentar em certos casos? Voltaremos a ter a banca como uma imobiliária, porque não terá alternativa se não reaver os imóveis dos incumpridores? Julgo que sim. Esta situação contém em si mesma outra distorção do mercado que é, o mercado do arrendamento.

Um investidor que compra um imóvel em período de bolha imobiliária, e que pretenda arrendar, terá que naturalmente levar em linha de conta os preços de mercado e o valor que investiu, por forma a garantir o retorno do seu investimento. É normal, e acima de tudo, é legítimo. O problema aqui é que, poderá ocorrer um de dois cenários, ou arrenda pelo valor de mercado, e poucos conseguirão pagar, ou arrenda por um valor que não permite no tempo ter o retorno desse investimento.

Estas distorções de mercado em nada o favorecem, criam diferenças sociais que não se coadunam com as reais possibilidades financeiras dos cidadãos. A verdadeira questão aqui não é aferir o justo valor dos imóveis. Cada cidadão, se puder ter a liberdade de avaliar o seu próprio imóvel, irá fazê-lo sempre da forma sobreavaliada.

A meu ver a verdadeira questão prende-se com a disponibilidade atual da banca para realizar crédito por valores superiores, porque precisa cumprir determinados rácios de crédito anuais, e saber qual o impacto real deste “modus operandi” que para muitos, a memória ainda se apagou. Para refletir.

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