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Bagão Félix: “Ministros foram escolhidos por inércia, por amizade ou numa lógica partidária”

Em declarações ao Jornal Económico, antigo ministro das Finanças Bagão Félix mostra-se surpreendido com algumas alterações na estrutura do novo Governo.
  • Cristina Bernardo
21 Outubro 2019, 07h42

Que avaliação faz da nova composição do Governo, com um núcleo de ministros de Estado mais político?

Identificar coisas melhores e piores é sempre sempre algo subjetivo. Como vai haver presidência portuguesa da UE, pode ter alguma justificação, mas houve pontos que me impressionaram.

 

Quais?

O primeiro foi Mário Centeno passar a ser ministro de Estado, mas em quarto lugar. É presidente do Eurogrupo, teve a proeminência que teve no Governo ainda em funções. Parece-me um pouco surpreendente. É certo que não é filiado, mas creio que o ministro Siza Vieira também não é. Posso perceber a mensagem de que a economia, o crescimento e as variáveis macroeconómicas possam neste momento ter mais importância, uma vez que está relativamente estabilizada a questão orçamental. Mas parece-me um pouco injusto para com o ministro Mário Centeno, que no Ministério das Finanças também perde a Administração Pública.

 

Não concorda com essa mudança?

Pelos gastos com pessoal, a questão das carreiras, a Administração Pública é um vetor da despesa em que normalmente pode haver mais problemas. E tendo em conta que se passou de  40 horas para 35 horas de trabalho semanais, não me parece muito adequado. Percebo a ideia de um novo ministério congregar a modernização administrativa, mas não sei como é que vai ser possível compatibilizar isso com a gestão da administração pública.

 

Parece haver um reposicionamento do Governo mais ao centro, pelo menos nos ministros de Estado. Concorda?

O PS tem membros que estão relativamente “próximos” do BE. E portanto nesse sentido há uma ideia de grande moderação no que é o núcleo central.

 

Há um número reduzido de novos ministros, algumas alterações de pastas e de designações. Como encara estas mudanças?

É um Governo escolhido por um conjunto muito restrito de motivos. Há três tipos de escolha: por inércia, pela lógica partidária pura ou numa lógica de amizade. Os nomes dos ministérios são uma tonteria mudar-se: ação climática e outros nomes de ideologia de género. Só fazem gastar dinheiro aos contribuintes. Alguns nomes são uma fantasia da correção política.

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