No mundo em mudança acelerada em que vivemos somos confrontados, a cada dia, com novas realidades e com os seus impactos.

O aumento da riqueza, a sua concentração, o surgimento, em todo o mundo, de famílias com elevados rendimentos e patrimónios, a preocupação de perpetuar as empresas familiares e os patrimónios de forma agregada, a preocupação com a rentabilidade dos activos e a sua valorização têm levado a uma crescente criação de Family Offices.

De facto, e segundo estudos de 2016 (Campden Wealth), estima-se que existam no mundo 5.300 Family Offices, assim geograficamente distribuídos: Europa e América do Norte,75%; Ásia-Pacífico, 17%; Mercados Emergentes, 8%.

É razoável admitir que a realidade hoje seja já diferente, com o natural crescimento do seu número. Desta nova realidade emergiu uma nova actividade que começa a ganhar relevância, inclusive em Portugal, que é a de consultoria especializada no apoio aos Family Offices. Há já hoje vários exemplos em Portugal.

Mas, quando falamos de Family Offices de maior dimensão, leia-se com mais activos sob gestão, nomeadamente os designados Fully-integrated family offices, as preocupações são de natureza diferente e implicam a detenção de staffs altamente especializados que apoiem as famílias empresárias na gestão do património e dos investimentos. É, por isso, merecedora de especial atenção a notícia recente da Bloomberg, da qual transcrevemos o seguinte:

“A América do Norte tem o maior número de ricos do mundo, mais de 200.000 pessoas com fortunas estimadas em pelo menos 20 milhões de dólares, segundo o Boston Consulting Group. O BCG prevê que, nos próximos cinco anos, possam surgir fortunas avaliadas em pelo menos 20 biliões de dólares. Além disso, o grupo com património líquido ultraelevado procura atualmente algo mais do que assessorias-robôs ou os últimos ETFs, o que constitui uma oportunidade para que bancos e consultores ganhem comissões.

“Os bancos têm vindo a perder alguns dos seus consultores mais experientes e rentáveis para as novas empresas. Nos últimos três anos, os ativos de património líquido ultraelevado administrados por escritórios multifamiliares independentes cresceram dez por cento em média a cada ano, ou seja, um crescimento cerca de cinco vezes mais rápido que o registado pelos ativos mantidos em bancos privados, estima a Cerulli Associates.

“Muitos produtos e serviços que eram apanágio dos grandes bancos estão agora disponíveis em empresas boutique”. Becker afirma que Cresset pretende preencher uma lacuna no setor para as famílias que buscam serviços “holísticos” e oportunidades como investimentos diretos. “Percebemos que este setor está a mudar e precisa de mudar”, disse.

Esta é uma nova realidade que se está a impor a cada dia que passa e que poderá contribuir de forma determinante para a manutenção das Famílias Empresárias por períodos mais longos, anulando velhos preconceitos e/ou “quase superstições”.

 O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.