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Nove fundos mobiliários com rendibilidade acima de 10%

O semestre foi excecional para os fundos de investimento mobiliário nacionais (FIM). No top 10 dos FIM, a associação do setor regista um recorde de 29,4% de rendibilidade anualizada.
14 Julho 2019, 17h00

Nove dos 10 melhores FIM nacionais têm rendibilidades acima dos 10% e o décimo melhor fundo está nos 9%, de acordo com a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e com dados até 5 de julho último.

O melhor fundo no final da primeira semana de julho era o BPI Brasil, gerido pelo BPI Gestão de Ativos, com 29,4% de rendibilidade anual bruta, embora o volume sob gestão seja reduzido, pois tem apenas 25,4 milhões de euros. Mas os fundos da gestora Caixagest (grupo Caixa) são elevados e com rendibilidades altas. É o caso do segundo melhor fundo em rendibilidade anualizada com 16,1%, o Caixagest Ações Líderes Globais e que tem mais de 652 milhões de euros sob gestão. Um outro fundo do grupo Caixa, o Caixagest Ações EUA registou uma valorização anual de 13,8% e tem mais de 111 milhões de euros sob gestão.

Entre os melhores fundos estão ainda o BPI América – classe D, o Santander Ações América – Classe C, o mesmo fundo Classe A, o BPi Reestruturações, o IMGA Ações América, o NB Mercados Emergentes e o NB PPR/OICVM. Com exceção dos fundos da Caixagest, os restantes têm valores sob gestão relativamente reduzidos. O nível de risco da generalidade destes fundos “top” é elevado e a grande opção de investimento nestes fundos foram ações dos EUA e ainda ações de mercados emergentes, confirmando que a alocação a estes mercados foi a mais assertiva, tal como vários analistas confirmaram ao Jornal Económico.

O presidente da associação do setor, José Veiga Sarmento, acrescentou, em entrevista, que o 1º semestre foi “excelente”. Acentuou que o mercado acionista, sobretudo no 2º trimestre do ano, impulsionou as rendibilidades, algo a que não foi estranho o “bom desempenho dos indicadores económicos dos principais países desenvolvidos”. Acrescentou que mesmo no segmento obrigacionista e com taxas de juro negativas, foi possível aos fundos que têm este tipo de alocação, obter rendibilidades positivas.

Adverte Veiga Sarmento para a potencial volatilidade dos mercados acionistas neste segundo semestre, a par de um “quadro geoestratégico muito instável”. Tensões no Irão, guerra comercial alimentada pelos EUA, e conclusão do processo do Brexit são fatores negativos, “com possibilidade de inversão do ciclo de crescimento, ou pelo menos, tornando essa tendência menos pronunciada”. Uma ideia semelhante é compartilhada por João Pina Gomes, do Abanca Portugal, que acredita que as tensões comerciais e geopolíticas “deverão determinar o comportamento das principais classes de ativos. Num mundo de yields baixas, ativos que distribuam cash-flows deverão ser fundamentais”. Carla Bergareche, da gestora Schroders, refere que as ações dos EUA “mantêm o ímpeto e são uma das mais fortes entre os principais mercados de ações”. Acrescenta que no longo prazo os títulos corporativos europeus são uma boa oportunidade. Se for para entrar na área das classes de títulos defensivos aconselha commodities como o ouro e títulos governamentais. O tema da tecnologia é referido por Miguel Taledo de Sousa, do Bankinter Gestão de Ativos. Diz que a aposta deve continuar a ser nas ações mas adverte que nem todos os índices têm o mesmo potencial de valorização. “Estamos a meio de algumas revoluções tecnológicas e, provavelmente, de mudança de paradigmas centrais, o que vai permitir a algumas empresas de alguns setores beneficiar enormemente desse enquadramento”. Nuno Serafim, do IMGA, aposta nos fundos de alocação que combinam várias classes de ativos. Diz serem “a forma mais sensata de investir a média prazo”. E isto com taxas de juro baixas e menor suporte do dólar dos EUA poderá a “dívida de mercados emergentes revelar-se uma boa opção em termos de rendibilidade ajustada pelo risco”.

O presidente da APFIPP alerta para o excesso de regulamentos, alimentados pela crise financeira mundial, que levou a “obrigações legais que têm pouco a ver com a prevenção de uma nova crise, mas que constituíram uma oportunidade para “mostrar serviço” por parte dos reguladores”.

Conclui que existe uma carga com um “efeito negativo na rentabilidade”.

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