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Novo Banco arranca com venda da Herdade do Pinheirinho

O banco contratou a StormHarbour para o assessorar na venda que ficará fechada até junho.
13 Abril 2019, 16h00

O Novo Banco acaba de lançar o processo de venda da Herdade do Pinheirinho, em Melides, no concelho de Grândola (perto da Comporta).

Trata-se de um ativo de 200 hectares que inclui um Campo de Golf de 27 buracos e que o Novo Banco (NB), liderado por António Ramalho, herdou por dação em cumprimento de crédito concedido pelo antigo BES.

O NB escolheu a StormHarbour Securities LLP para assessorar a operação de venda.

A StormHarbour é uma sociedade financeira com sede em Londres e tem como responsável António Caçorino.

O Jornal Económico sabe que o objetivo do NB é que a escolha do comprador seja feita até ao fim de junho. Até lá decorrem duas fases: a entrega das propostas não vinculativas e a fase da entrega das propostas vinculativas. Contactado, o NB não comentou.

A Herdade do Pinheirinho “é um ativo apetecível”, referem as nossas fontes, e por isso deverá atrair um leque significativo de interessados. Não foi possível obter o valor deste ativo no balanço do banco, pós-imparidades, e que deverá servir de referência ao concurso privado que está agora a arrancar.

António Ramalho disse, esta semana, em entrevista ao Negócios da Semana, da SIC, que tinha vendido outra Herdade, a da Matinha, com uma mais-valia face ao valor do balanço. A Herdade da Matinha, no Alentejo, foi vendida ao dono da fábrica Braço de Prata por 140 milhões, acima dos 137 milhões a que estava valorizada no balanço.

A venda da Herdade do Pinheirinho decorre numa altura em que a venda da Herdade da Comporta está quase concluída, tendo como promitente comprador a Vanguard Properties, de Claude Berda.

Segundo notícias avançadas pela imprensa, a Herdade do Pinheirinho, em Melides, teve o projeto do Grupo Pelicano – grupo imobiliário presidido por Joaquim Mendes Duarte -, na altura com um investimento da ordem dos 167 milhões no desenvolvimento de dois hotéis, três aldeamentos, quatro aparthotéis e moradias e um campo de golfe. Onde prometiam criar 2.000 postos de trabalho. O NB, “herdou” a Herdade do Pinheirinho por incumprimento de créditos. São duas as sociedades de promoção imobiliária que passaram a ser consolidadas, a partir de 2017, nas contas do banco liderado por António Ramalho: a Herdade do Pinheirinho Resort e a Herdade do Pinheirinho II – Investimento Imobiliário. A primeira criada em 2007 e a segunda em 2008.

Estas empresas pertenciam à promotora Pelicano, que tinha, em 2015, apresentado um plano de revitalização (PER), que foi aprovado pelos credores em novembro de 2016. Então havia 447 credores, que reclamavam 204 milhões de euros. Destes, 69%, ou 140 milhões, eram créditos devidos ao NB.

Tal como foi referido anteriormente, este projeto foi classificado com o selo de Potencial Interesse Nacional (PIN). Foi em 2007 que o ministro da Economia, Manuel Pinho, anunciou com pompa e circunstância o projeto PIN – que foi alvo de contestação por parte de ambientalistas por ocupar terrenos de uma área protegida – estava então a ser promovido pela sociedade Pelicano. Segundo noticiou a imprensa, o objetivo da promotora imobiliária, presidida por Joaquim Mendes Duarte, era que a primeira fase do projeto ficasse concluída em 2009, iniciando-se a comercialização no ano anterior. O público-alvo passava por britânicos e irlandeses, mas também queria atrair investidores árabes. A gestão ficaria, posteriormente, a cargo do grupo hoteleiro Hyatt, subindo o investimento prometido para 250 milhões.

Mas o empreendimento ficou quase todo por construir: apenas o campo de golfe ocupa o território localizado no concelho de Grândola.

Artigo publicado na edição nº 1982 de 29 de março do Jornal Económico

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