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Novo Banco com prejuízos de 1,412 mil milhões de euros em 2018

O banco liderado por António Ramalho apresentou prejuízos ligeiramente acima do montante a receber em 2019 pelo Fundo de Resolução e que é de cerca de 1,15 mil milhões.
  • Cristina Bernardo
1 Março 2019, 17h08

O Novo Banco apresentou prejuízos de 1,412 mil milhões de euros em 2018. A entidade liderada por António Ramalho apresentou prejuízos ligeiramente acima do montante a receber em 2019 pelo Fundo de Resolução, no valor de 1.149 milhões.

O banco alterou as perdas (reexpressou as contas) de 2017 que passaram a ser de 2.298 milhões de euros e não de 1.395 milhões porque a compensação recebida do Fundo de Resolução passou a ser uma compensação ao capital e não contabilizada em resultados. António Ramalho recusa que se chame “reclassificação” .

É a primeira vez que o Novo Banco apresenta resultados separando o “Novo Banco Recorrente”, que corresponde ao banco bom e inclui toda atividade bancária core, e o “Novo Banco Legacy”, que engloba os créditos sobre clientes, integrando os créditos incluídos no Mecanismo de Capital Contingente  (cerca de 92% do total da carteira de crédito legacy) e outros ativos que não são considerados estratégicos, tendo em conta os compromissos assumidos com a DGCOMP após a resolução do Banco Espírito Santo.

António Ramalho explicou que o NB Recorrente e o NB Legacy não são duas entidades jurídicas autónomas.

Embora o Grupo Novo Banco tenha apresentado um prejuízo de 1.412,6 milhões de euros, que comparam com as perdas de cerca de 2,3 mil milhões em 2017, o NB Recorrente apresentou resultados positivos de 2,2 milhões antes de impostos, comparando comas perdas de 311,4 milhões no ano anterior.

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“Isto leva-nos a acreditar que no próximo ano crescemos nos três dígitos”, disse António Ramalho falando do banco recorrente.

O resultado operacional core (produto bancário comercial – custos operativos) aumentou 166% (145 milhões) face a 2017 com o crescimento do Produto Bancário Comercial (+15,6% face a 2017) e a descida dos Custos Operativos (-9,9% face ao período homólogo) a contribuírem para esse crescimento.

O NB Legacy registou perdas de 1.514,6 milhões de euros. O ativo do NB “Legado” decresceu 27,7% (-4.079 milhões em termos líquidos) em 2018, com principal enfoque na redução de ativos não produtivos. A carteira de crédito líquida reduziu-se em 1.562 milhões (-40,6%) face a 2017.

A sinistralidade do crédito não produtivo situou-se em 90,3% e a sua cobertura por imparidades em 63,0%. O custo do risco em 2018 representa 397 pontos base. O resultado antes de impostos foi negativo aqui em 715,2 milhões, influenciado pelo impacto. das vendas de créditos não  produtivos (Projeto Nata) e de imóveis (Projeto Viriato), com um prejuízo conjunto de cerca de -234 milhões; das imparidades adicionais reforçadas no exercício para clientes legacy (224 milhões) e das provisões para o programa de reembolso antecipado de passivos.

“Em resultado das perdas das vendas e da redução dos ativos legacy, o Novo Banco irá solicitar uma compensação de 1.149 milhões” ao Fundo de Resolução, lê-se no comunicado da instituição bancária.

Este montante decorre em 69% das perdas assumidas sobre os ativos no Mecanismo de Capital Contingente e 31% devido a requisitos regulatórios de aumento capital no quadro do ajustamento do período transitório dos rácios de capital.

No Novo Banco Mau o resultado obtido apresenta uma recuperação de 52,8% face a 2017 (-1.514,6 milhões). Para esta melhoria foi determinante o menor nível de imparidades e provisões que se reduziram em 1.199,7 milhões face a 2017.

No consolidado, em 2018 o Grupo Novo Banco viu o produto bancário crescer 5,5%, em termos homólogos, para mais de 768 milhões. Os Resultados de Operações Financeiras foram positivos em +30,4 milhões, reflexo dos ganhos na venda e reavaliação de títulos (dívida pública) que mais que compensaram as perdas com as ofertas de aquisição e troca de obrigações efetuadas conjuntamente com a emissão Tier 2.

O comissionamento decorrente da prestação de serviços bancários a clientes saldou-se por um contributo de 309 milhões para o resultado (-3,1% que em 2017).

O resultado operacional registou perdas de 3 milhões de euros, essencialmente devido à quebra de 37,9% do produto bancário (484,2 milhões). Os custos operativos caíram 11,3%, para 487,4 milhões.

Destaque para a melhoria da qualidade dos ativos, com o stock de NPL (malparado) que caiu de 10,1 mil milhões para 6,7 mil milhões de euros, o que, líquido de imparidades, é de 2,8 mil milhões de euros. “Esta é um boa notícia para o que pretendem as agências de rating. Este é um elemento central para a melhoria dos ratings”, disse o CEO do banco.

As imparidades e provisões ascenderam aos 710 milhões de euros, uma diminuição de 65,5% em termos homólogos.

O crédito não produtivo (incluindo disponibilidades e aplicações em instituições de crédito) diminui 3,4 mil milhões com o respetivo rácio a apresentar uma redução para 22,4%.

O banco, que vai pedir cerca de 1,15 mil milhões ao Fundo de Resolução para equilibrar o capital consumido em parte pelas perdas de ativos tóxicos, diz que tem confortáveis níveis de liquidez, com um rácio de transformação de 89% e o acesso aos mercados de capitais restabelecido através das ofertas de aquisição e de troca de dívida efetuadas conjuntamente com a emissão de obrigações subordinadas Tier 2 no montante de 400 milhões de euros.

O rácio de capital CET1 é de 14,5% quando em dezembro de 2017 tinha sido de 13%. O banco tem os seus rácios de CET1 e Tier 1 protegidos até aos montantes das perdas já verificadas nos ativos incluídos no Mecanismo de Capital Contingente.

“Especial enfoque na eficiência operacional conduzindo à redução dos custos operativos em 11,3%”, realça o Novo Banco.

“Sobre as exigências de capital, o requisito SREP Pilar 2 foi reduzido em 75 pontos base para 3,25%, refletindo os esforços do banco na melhoria do governance, das operações e da robustez do balanço”, refere a instituição. “Mas também teve a correção de uma situação que só o Novo Banco tinha, que foi os compromissos irrevogáveis [responsabilidades] passaram a afetar capital e não foram tratados como RWA (ativos ponderados pelo risco)”, disse o CEO.

No âmbito do processo de desinvestimento de ativos não estratégicos e foco no negócio bancário doméstico e ibérico (reorganização estratégica), o Grupo Novo Banco concretizou algumas operações no exercício de 2018. Entre eles “a venda dos ativos e passivos da sucursal na Venezuela, do Banco Internacional de Cabo Verde e do Banque Espírito Santo et de la Vénétie (BESV); o encerramento da atividade da sucursal de Londres; assinatura do contrato de venda da totalidade do capital social da GNB – Companhia de Seguros de Vida; ofertas de aquisição e de troca de dívida efetuadas conjuntamente com a emissão de obrigações subordinadas Tier 2 no montante de 400 milhões que irão contribuir para a melhoria futura da margem financeira; assinatura do contrato-promessa para a venda de uma carteira de ativos imobiliários denominado  projeto Viriato, cujo impacto nos resultados do Grupo ascendeu a -159,0 milhões; e venda de uma carteira de crédito não produtivo (non-performing loans – NPLs) e ativos relacionados, denominado de Projeto Nata, cujo impacto no resultado ascendeu a -110,1 milhões”, explica o banco.

“Em 2017 a compensação recebida do CCA de 792 milhões, inicialmente registada como receita, foi reclassificada para Reservas porque o CCA passou a ser uma compensação ao Capital e não ao Resultado”, diz o Novo Banco.

(atualizada)

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