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Novo Banco sublinha que não vai recorrer outra vez ao mecanismo de capital contingente este ano

O Novo Banco vincou em comunicado que não vai pedir nova injeção de capital em 2020, apontando para o atual modelo de capitalização da instituição financeira atualmente em vigor. Após a entrevista do presidente executivo do banco ao “Jornal de Negócios”/Antena 1, o Novo Banco referiu que António Ramalho tem “vindo a ser erradamente interpretado” e explica: serão os prejuízos registados em 2020 que justificarão a chamada de capital de 2021.
  • António Ramalho
14 Junho 2020, 17h48

O Novo Banco não vai recorrer ao mecanismo de capital contingente (CCA) em 2020, remetendo para 2021 nova chamada de capital por conta dos resultados do exercício de 2020, tal como estabelecido no atual modelo de capitalização do banco.

Em comunicado, a instituição financeira liderada por António Ramalho salientou que “ao contrário do que tem vindo a ser erradamente interpretado por vários meios de comunicação social e outras fontes de informação, o Novo Banco esclarece e sublinha que qualquer eventual nova chamada de capital referente a necessidades de 2020, de acordo com o atual modelo, será feita em 2021, após aprovação das contas auditadas, após parecer da Comissão de Acompanhamento e verificadas com agente independente”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios/Antena 1, António Ramalho foi questionado sobre se o Novo Banco iria necessitar de mais capital para este ano. A resposta foi no sentido afirmativo, tendo dito que “do que era a previsão no inicio do ano, antes do Covid, sim”. No entanto, ao abrigo do modelo de capitalização do Novo Banco, os prejuízos registados num determinado ano são ‘compensados’ mediante injeção de capital no ano seguinte.

Desta forma, o Novo Banco vai precisar de nova injeção de capital em 2021, por conta dos prejuízos que se poderão registar em 2020, que deverão ser agravados pela corrente crise económica causada pela Covid-19. Por outras palavras: as necessidades registam-se em 2020, mas apenas serão satisfeitas em 2021.

Por conta dos prejuízos de 2019, o Novo Banco teve uma injeção de capital de 1.037 milhões de euros, via Fundo de Resolução. Destes. 850 milhões corresponderam a um empréstimo do Estado no valor de 850 milhões de euros.

Aquando da venda de 75% do capital social do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, o tecto máximo do CCA foi fixado em 3,89 mil milhões de euros, que respondia por perdas de determinados ativos tóxicos. Depois dos 1.037 milhões pedidos ao Fundo de Resolução em 2020, por efeito dos prejuízos de 2019, o Novo Banco tem ainda um ‘saldo’ de 912 milhões no CCA.

Sobre o montante da chamada de capital a ocorrer em 2021, António Ramalho escondeu as cartas, apelando à cautela na divulgação de qualquer número. “Tenho sido sempre cauteloso não antecipar qualquer numero. Acontece basicamente que houve uma deterioração da situação económica e é previsível que, no nível de cenário que temos hoje, nos vá levar a necessidades de capital ligeiramente suplementares em relação às que existiam”, afirmou o presidente do Novo Banco.

Na mesma entrevista, António Ramalho assumiu novamente que o grande objetivo deste ano “é deixar o banco totalmente limpo no final de 2020”. Para tal, o presidente executivo da instituição bancária disse que “gostaria de utilizar o menos capital necessário desde que tenha a certeza que o banco ficou nas melhores condições”.

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