Depois de na sexta-feira ter começado as funções de CEO da Galp Energia, antes da data prevista de 19 de fevereiro, Andrew Brown escreveu aos trabalhadores da petrólifera, numa carta em que a palavra “petróleo” não consta, mas que refere de forma clara às “mudanças no nosso sistema energético” e à “transição energética”.
Na carta, a que o Jornal Económico teve acesso, o sucessor de Carlos Gomes da Silva,diz que sente “o peso da responsabilidade inerente à possibilidade de liderar esta empresa no momento em que atravessamos as maiores mudanças no nosso sistema energético no último século. Estas mudanças são essenciais para o bem-estar do planeta”.
Adianta que está convencido de que a Galp pode desempenhar um papel fundamental nesta mudança e que, com
a ajuda dos trabalhadores, a mudança pode representar uma oportunidade para a empresa prosperar e crescer.
Andrew Brown passou quase a totalidade da carreira inteira no setor petrolífera. Após concluir a licenciatura em ciências da engenharia na Universidade de Cambridge em 1984, o britânico foi recrutado pela Royal Dutch Shell, gigante na qual passou 35 anos.
Saiu da Shell em 2019, tendo depois assumido funções de vice-presidente na SBM, consultor sénior na Mckinsey e Co., consultor na JMJ e consultor na ZeroAvia, uma empresa startup de hidrogénio/células de combustível para aviação.
Na carta aos trabalhadores da Galp, afirmou quer ver a empresa “não só prosperar durante a transição energética, mas ser também um ótimo lugar para se trabalhar, onde todos se sintam apoiados e respeitados”.
Na Galp, Brown vai encontrar o desafio de navegar um período complicado, após ano um marcado pelas quedas na ação e também pelos prejuízos causados pela pandemia de Covid-19, com a quebra na procura e descidas abruptas nos preços do petróleo.
Nos últimos 12 meses, as ações da Galp tombaram cerca de 40%. A empresa registou 23 milhões de euros de prejuízo no terceiro trimestre, valor que contrasta com os 101 milhões de lucros registados em período homólogo, No total dos nove primeiros meses do ano, passou de um lucro de 403 milhões de euros em período homólogo para um prejuízo de 45 milhões.
O encerramento da refinaria de Matosinhos, anunciada pela Galp a 21 de dezembro, é outro desafio que o novo CEO vai herdar, pois a decisão tem sido alvo de contestação vinda de vários quadrantes, nomeadamente os trabalhadores e partidos políticos, pois poderá levar à destruição de 500 postos de trabalho diretos e 1.500 indiretos.
Esta quarta-feira, serão ouvidos no Parlamento sobre assunto o o presidente da Comissão Central de Trabalhadores da Galp e o presidente da Comissão Central de Trabalhadores da Fiequimetal.
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