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Novo Chanceler enfrenta pior crise da habitação dos últimos 15 anos e insatisfação com o nível de vida

Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU), tem na falta de casas no país um dos principais problemas para solucionar. A meta de 400 mil habitações a preços acessíveis por ano, idealizadas pelo anterior governo, está muito aquém do esperado, ao mesmo tempo que o país se depara com mais de meio milhão de sem-abrigo.
24 Fevereiro 2025, 07h00

É num cenário de crise da habitação e insatisfação com o nível de vida que Friedrich Merz vai ter de liderar a Alemanha, depois da vitória nas eleições deste domingo do líder da União Democrata-Cristã (CDU). O anterior governo de Olaf Scholz, com quem deverá coligar-se, apresentou em 2021 uma meta ambiciosa de construir 400 mil casas a preços acessíveis no país, mas quatro anos depois esse objetivo está muito longe de ser alcançado.

Para isso contribuiu o aumento dos custos da energia e materiais, que, por sua vez, impactaram os custos da construção no país. Segundo o Deutsche Welle, em 2022, foram construídas 295,3 mil novas casas em toda a Alemanha, volume que registou uma quebra de 900 habitações em 2023.

A agora ex-ministra alemã da Habitação, Desenvolvimento Urbano e Obras, Klara Geywitz, estima que em 2024 tenham sido construídas 265 mil casas. Perante esta situação, os especialistas imobiliários germânicos indicam que faltam 800 mil casas na Alemanha, com uma organização da sociedade civil a calcular que o país precise de mais de 910 mil habitações sociais.

Face a isto, o mercado de arrendamento poderia ser uma solução, mas os preços elevados que se praticam em algumas das principais cidades germânicas não são acessíveis a qualquer cidadão.

Os dados da Housing Anywhere, plataforma de arrendamento de médio a longo prazo da Europa, indicam que no último trimestre de 2024 as cidades alemãs de Estugarda (1.890 euros) e Frankfurt (1.700 euros) registaram os aumentos mais acentuados de todas as regiões analisadas em comparação com 2023, com um crescimento de 26,4% e 22,3%, respetivamente.

No entanto, outras cidades germânicas registaram descidas no preço das casas para arrendar, como foram os casos de Berlim (-0,3% para 1.595 euros), Hamburgo (-5,7% para 1.500 euros), Munique (-4% para 1.700 euros), Colónia (-2,7% para 1.450 euros) e Dusseldorf (1.350 euros).

O tema da habitação foi pouco abordado durante a campanha pelos candidatos, tendo Friedrich Merz sido acusado de ser insensível a este problema pelo facto de viver no campo e longe da cidade de Berlim.

Mais de meio milhão sem casa

Perante a falta de habitação e as dificuldades em conseguir lidar com os preços praticados, já são 531 mil os cidadãos alemães em situação de sem-abrigo, segundo os dados do governo divulgados em janeiro, sendo que 439,5 mil dependem de abrigos geridos pelo sistema público, 60,4 mil vivem em casa de familiares, amigos ou conhecidos, e 47,3 mil estiveram nas ruas ou em abrigos precários.

A situação é preocupante, já que em 2022 o número de pessoas em situação de sem-abrigo era menos de metade (263 mil cidadãos). Tudo isto resulta numa insatisfação generalizada da população alemã, que, de acordo com a consultora Gallup, caiu de 73% em 2010 para 47% em 2024.

O anterior governo tinha estimado um investimento superior a 20 mil milhões de euros em habitação social até 2028, tendo em vista a resolução do problema até 2030.

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