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Novo incidente com aviões entre a China e os Estados Unidos

Incidente entre aviões sobre o Mar da China Meridional é o mais recente de uma série de confrontos entre militares chineses e norte-americanos. E o primeiro desde que os Estados Unidos foram sobrevoados por balões de espionagem chineses.
31 Maio 2023, 18h40

A China considerou uma “provocação” um incidente em que um avião chinês cruzou a rota de uma aeronave de vigilância norte-americana sobre o Mar da China Meridional. “O envio frequente e desde há longo tempo de navios e aviões pelos Estados Unidos para realizarem vigilância rigorosa na China prejudica seriamente a soberania e a segurança nacional da China”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, esta quarta-feira, citada pelas agências internacionais.

“Este tipo de atividade provocadora e perigosa é a causa dos problemas de segurança nos mares. A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger resolutamente a sua própria soberania e segurança”, disse Mao Ning.

Fontes militares norte-americanas revelaram esta terça-feira que um piloto de caça chinês realizou uma “manobra desnecessariamente agressiva” junto de uma aeronave de vigilância que operava no Mar da China Meridional na semana passada. Imagens de vídeo divulgadas pelos militares mostram um caça chinês cruzando pela frente a aeronave norte-americana, que, na sequência, sofreu um forte impacto da deslocação do ar.

O avião chinês “voou diretamente para a frente e a 122 metros do nariz do RC-135, forçando a aeronave norte-americana a voar em turbulência”, especificou o Comando Indo-Pacífico dos EUA em comunicado. “O RC-135 estava a participar numa operação segura e de rotina no Mar da China Meridional em espaço aéreo internacional, de acordo com a lei internacional”, acrescenta o comunicado.

O incidente ocorre num momento em que as relações entre Washington e Pequim estão na sua pior fase desde que foram restabelecidas algures no início da década de 1970. Questões como Taiwan, que a China (e os Estados Unidos, pelo menos nessa altura) considera território seu, os avatares de Pequim em relação á guerra na Ucrânia, o crescimento concorrencial da economia chinesa e, mais recentemente, o suposto balão espião chinês que sobrevoou este ano o território norte-americano, têm transfigurado a relação entre as duas potências. O facto de a NATO ter isolado a China como a maior ameaça, a prazo, para os países da aliança, não terá ajudado.

Por seu lado, o Pentágono disse que o incidente faz parte de um padrão chinês. Um alto funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse, citado por vários jornais, que houve um “aumento alarmante no número de intercetações aéreas arriscadas e confrontos no mar” entre aeronaves e navios chineses – ações que “têm o potencial de criar um incidente inseguro ou um erro de cálculo” que se transforme num facto altamente nefasto.

A revelação surge um dia depois de a China ter recusado um convite dos Estados Unidos para que o secretário de Defesa Lloyd Austin se encontrasse com o seu homólogo chinês em Singapura esta semana. O convite apareceu numa altura em que o secretário de Estado Antony Blinken pediu que Pequim concorde em manter uma maior comunicação após o incidente do caça. “Acho que o incidente indica que é muito importante que tenhamos linhas de comunicação regulares e abertas, inclusivamente entre os ministros da Defesa”, disse. Pequim respondeu que os Estados Unidos são “inteiramente responsáveis ​​pelas atuais dificuldades nas relações entre os dois” países.

Em 2021, um incidente no género acabou por resultar na colisão entre um caça chinês e um avião de vigilância da Marinha dos Estados Unidos, na sequência da qual o avião chinês foi perdido e o seu piloto morreu.

 

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