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Nuno Amado: “Taxas de juro do crédito no último ano demonstram que a concorrência foi normalizada em Portugal”

Em entrevista ao jornal “Público” o agora presidente não executivo do BCP fala das mudanças no banco e também da exposição que os bancos portugueses tiveram no mercado internacional.
Cristina Bernardo
24 Setembro 2018, 09h30

Nuno Amado, presidente não executivo do BCP afirma que “as taxas de juro do crédito no último ano demonstram que a concorrência foi normalizada em Portugal e é muito intensa, muito agressiva”. Em entrevista ao jornal “Público”, desta segunda-feira, 24 de setembro, fala ainda da crise que atravessou o setor bancário.

“Estavam [bancos portugueses] muito expostos ao mercado internacional. Antes os nossos bancos, em média para cada 100 euros de depósitos, davam 160 euros de créditos e iam ao mercado internacional buscar os 60 euros que faltavam. Ou seja: um terço a 40% do nosso ativo era dívida internacional”, explica Nuno Amado.

No BCP desde 2012, deixa agora o cargo executivo e faz um balanço positivo. “Em 2007 e 2008, o BCP tinha um rácio de capital talvez de 4% ou 5% e com menores exigências eem termos de ativos, um balanço menos provisionado e com menor identificação dos riscos. Dez anos depois, temos um balanço em termos de ativos e passivo equilibrado, rácios de capital em torno de 12%”, refere.

Nuno Amado não concorda com Pedro Rebelo de Sousa, que pertence aos órgãos sociais e que defende a existência de um défice de concorrência na banca. “Discordo. Os spreads dos vários produtos, crédito à habitação e crédito às empreas, mesmo naquelas com um rating normal, que nem é rating bom voltaram a ser concorrenciais. As taxas de juro do crédito no último ano demonstram que a concorrência foi normalizada em Portugal e é muito intensa, muito agressiva”, afirma.

A crise de 2008 trouxe como descredibilização o setor e os banqueiros, algo que Nuno Amado, reconhece. “Talvez pelos nossos próprios erros e pela forma exagerada e incorreta como muitos atuaram no passado, e por vezes, até com falta de princípios. E os banqueiros tinham uma ideia de si que era superior à realidade e falavam sobre temas que não deveriam ter abordado”, salienta.

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