Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da Câmara de Cascais, vai ser cabeça de lista nas eleições regionais de setembro. Esta segunda-feira, 17 de março, será um dos autarcas — além de Isaltino Morais e de Inês Medeiros — que vão participar no debate “Zona de Impacto”, onde vão ser discutidas as mudanças que as cidades terão de fazer nas próximas décadas.
A iniciativa Zona de Impacto realiza-se na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, a partir das 9h00. Contará também com a participação de Jorge Catarino, arquiteto, senior partner da Saraiva e Associado e ex-diretor municipal de Planeamento Urbano de Lisboa, e José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.
A mobilidade é e será uma das questões centrais para as cidades. Com projetos em curso que afetam toda a Área Metropolitana de Lisboa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais aponta ao Jornal Económico vantagens e desvantagens, a começar pelo túnel desejado entre Algés e a Trafaria, e refere as necessidades do concelho.
O governo vai estudar a concretização de um túnel a ligar Algés e a Trafaria. A ideia é descongestionar a ponte 25 de Abril. Esta obra tem alguma relevância para Cascais?
Esta obra terá vantagens e desvantagens para Cascais. O túnel permitirá ligações rodoviárias mais fáceis à margem sul, nomeadamente a ligação à A2, evitando o percurso pela Ponte 25 de Abril. Se o túnel se destinar à implementação de um transporte público em sítio próprio, as vantagens para a população das duas margens do rio serão inegáveis.
Desvantagens: a ligação do túnel à CRIL irá aumentar a pressão rodoviária nesta via e consequentemente na A5, no sentido de entrada em Lisboa e no sentido Oeiras\Cascais. Segundo alguns dados, cerca de 37% dos veículos que utilizam a Ponte 25 de Abril vêm da margem sul para Oeiras, Cascais e Sintra. Este número, só por si, é já relevante para mitigar o congestionamento daquela travessia do Tejo, bem como a ponte Vasco da Gama, embora esta última em muito menor grau. No entanto dever-se-á pensar numa solução de transporte público que mitigue a pressão automóvel que se faz sentir na A5.
A A5 pode também beneficiar deste descongestionamento de trânsito?
No concelho de Cascais, com exceção da saída para São Domingos de Rana ao final do dia, a A5 muito raramente apresenta congestionamento. Todavia, se a nova travessia for em Algés, é expectável que a já intricada ligação à CRIL e 2ª Circular se agrave e consequentemente seja criada mais pressão sobre a A5, razão pela qual a obra não se deve limitar ao túnel e deve potenciar a criação e uso de uma nova linha de transporte público. Para Cascais talvez fosse preferível que a ligação de Trafaria fosse direto à CREL e não à CRIL, mas o comprimento do túnel seria bastante mais significativo com os custos daí inerentes.
Tem sido referida a possibilidade alargar a A5 para criar espaço para um corredor bus/autocarro elétrico. O que nos pode adiantar?
A ideia de execução de uma linha de transporte público de superfície na A5 peca por tardia. Todas as medidas destinadas a aumentar a oferta de transporte público em sítio próprio na ligação de Cascais – Oeiras e Lisboa são positivas e devem ser concretizadas o mais rapidamente possível. Em termos de mobilidade, os principais investimentos na Área Metropolitana de Lisboa deverão ser canalizados para melhoria do sistema de transportes públicos, e, por exemplo, apesar de hoje termos uma ligação forte por comboio para o Cais do Sodré, com esta solução poderíamos conciliar também uma ligação fácil para o Campo Grande e Sete Rios. Este corredor seria uma ótima solução, pois para além de incentivar o transporte público em detrimento do automóvel particular seria uma enorme mais-valia para Cascais e concelhos vizinhos. No entanto, importa ter presente que o sucesso do transporte público reside, entre outros fatores, na existência de uma rede estruturada de vasos comunicantes, pelo que se não houver o cuidado de criar todo o sistema de ligações e suporte, acontecerá o que já temos hoje – um funil com um maior volume de carros e pessoas, a confluir para um único e estreito ponto de chegada, com deficiente capacidade de escoamento e de interligações.
Qual a obra rodoviária mais relevante para os munícipes de Cascais?
Será, sem dúvida a que possibilite um corredor próprio para o transporte público até Lisboa.
Internamente será a conclusão da VOC e da VLS. Mas não poderemos descurar o nó da A5 para o Aeroporto, a alteração do nó de Carcavelos para permitir todos os movimentos, e a ligação da A5 em Outeiro de Polima. Mas para o descongestionamento da Vila de Cascais será, indubitavelmente a 3.ª travessia da Ribeira das Vinhas entre Santana e as Fontainhas.
Os autarcas de Lisboa têm sido ouvidos pelo governo nestes vários processos?
Sim, no âmbito da AML e pelos próprios responsáveis pelas respetivas pastas. Existe uma relação próxima e de diálogo entre autarcas e todo o governo.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com