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“O Amigo do Deserto”

Sacerdote, teólogo, crítico literário e fundador do seminário espiritual Buscadores de la Montaña, Pablo d’Ors dá-nos a conhecer nesta obra um homem dedicado aos desertos, que neles busca o absoluto e o silêncio. Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
  • Marta Teives
30 Novembro 2019, 11h05

“[O deserto] é o lugar da possibilidade absoluta: o lugar em que o horizonte tem a amplitude que o homem merece e de que necessita. O deserto: essa metáfora do infinito.”

Com alguma frequência, as caminhadas voluntárias pelo deserto acabam por se transformar em viagens interiores ou, pelo menos, em viagens que culminam em transformação pessoal. Não é por acaso que se utiliza a velha expressão “fazer a travessia do deserto”, mesmo que num contexto desligado do seu significado religioso inicial. Vários viajantes encontraram nos desertos o objetivo das suas viagens, do explorador britâncio Wilfred Thesiger à etnóloga francesa Odette Puigaudeau, passando pela suíça Isabelle Eberhardt.

Em “O Amigo do Deserto”, com edição portuguesa da Quetzal, tudo começa com a leitura de uma contracapa de um livro onde se descobre que existe em Brno, na República Checa, um homem dedicado aos desertos, e que estes se tornaram a única razão da sua existência.

 

 

Inicia-se assim uma viagem que vai levar Pavel, a personagem principal, a Brno, a Praga e a muitos desertos do norte de África, em Marrocos e Argélia, mas também na Líbia e Mauritânia e até na Namíbia. Essencialmente, este é um livro sobre o silêncio e a busca do absoluto.

No deserto pode-se caminhar durante dias, semanas e até meses sem ver outra coisa além de areia; chega sempre o momento em que aparece um oásis maravilhoso que convida a parar e reabastecer. Repostas as forças no oásis, torna-se a empreender um caminho em que não é invulgar que o caminhante volte a impacientar-se. E assim até que, de repente, quando menos espera – quase quando desespera –, volta a aparecer outro oásis. Pois é isto precisamente o que o deserto ensina: caminhar pela terra, parar e contemplar.

Pablo d’Ors nasceu em Madrid, em 1963 e estudou em Nova Iorque e na Alemanha, onde conheceu e foi discípulo do monge e teólogo Elmar Salmann. Foi ordenado sacerdote católico em 1991 e esteve em missão nas Honduras. Regressado à Europa para um novo ciclo de estudos, doutorou-se em Teologia com a tese Teopoética – Teologia da Experiência Literária.

Desde então a trabalhar em Espanha – numa dupla vertente, cultural e pastoral –, é atualmente professor de Teatro e Literatura, dirige um laboratório de escrita criativa e é capelão do Hospital Ramón y Cajal. Foi o fundador do seminário espiritual aberto Buscadores de la Montaña e crítico literário no jornal espanhol ABC. Em 2015 foi nomeado membro do Conselho Pontifício da Cultura pelo Papa Francisco.

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