A Arte também nos faz. A Arte aproxima-nos dessa realidade derradeira de Amor pelo outro, pela vida, porque a Arte não se dissocia da vida das pessoas que a realizam, como também das pessoas que a espectam.
Isto vem a propósito da “estupidificação social e mediática” de uma sociedade Hiper-Moderna, que assistimos de forma passiva e assiduamente. Assediou-se o Ser Humano com uma falsificação de imagens, primeiro emancipando-o da Sociedade do Consumo e da Cultura das Massas, para depois viciá-lo, tornando-o “hiperconectado” numa Sociedade da Pós-informação.
Uma mesma sociedade, hiperinformada (ou desinformada) que permitiu confundir Cultura com entretenimento, publicitando-a como se trata de um qualquer “show de voyerismo” ou “faça você mesmo”. E, ao fazê-lo institucionalizou-se a domesticação televisiva e até das instituições museológicas, pelo espectador passivo.
No domínio das artes plásticas e visuais: “annus horribilis”. Vejam-se as mais recentes e anunciadas “grandes” exposições, quer no contexto nacional, quer internacional que servem de cartazes a instituições ditas de referência. Estas, na vontade demonstrada de fugir a qualquer criticismo histórico, apresentam-nos cada objeto expositivo, como uma legenda bastante e gratuita, daquilo que se vê no contemporâneo. Um “Por do Sol” legendado, além de não ser autêntico, já não acrescenta nada à criação!
Em vez de conhecimento e consciência das civilizações, a Arte volta a ser instrumento (ou talvez nunca tenha deixado de sê-lo) para o controlo. Desta vez, controlo através de uma estratégia de alienação social maximizada, acentuando a normalização da “repressão institucional” e da censura moral, ideológica e estética.
Não sei quais são os objectivos da Arte, nem tão pouco se ela alguma vez os teve, mas acredito que, uma qualquer domesticação estético-ideológica do espectador não cumpre os seus desígnios.
O antropólogo cultural Claude Lévi-Strauss, refere em “Le totémisme aujourd’hui” a partir de Sigmund Freud, autor da Psicanálise Moderna, que: “ao fazer do histérico, ou do pintor inovador, seres anormais, dávamo-nos ao luxo de acreditar que eles não nos diziam respeito nem punham em causa, pelo simples facto da sua existência, uma ordem social, moral, ou intelectual aceite.”
A este respeito ser-me-á válido extrapolar se a apócope da tolerância, não estará intimamente relacionada com a “falta de tempo”, ou ao imediatismo das respostas que queremos.
Se, a oferta mediática (e artística) não responde à velocidade incessante de mais alienação social, para distrair daquilo que realmente importa, as pessoas, o outro, o ser humano, incompreendido.
O matemático e escritor Paulo Neves da Silva identifica “na crescente monopolização do indivíduo pelas catedrais da modernidade: o “hiperconsumo”.
Admitindo uma generalização falaciosa quanto a alguns destes aspectos, questiono-me se, porventura múltiplas falácias servirão como argumentos válidos nesta sociedade, uma vez que passariam quase desapercebidas.
Porque tratando-se de imagens, são na sua essência uma ilusão, porque todas elas são uma representação de uma realidade projectada, e nunca serão o real. O “homo hiperconectus”, correrá porventura de risco de matar “o Ser Humano”.
Porque, o que verdadeiramente importa são as pessoas, mais Cultura, mais Educação, mais Conhecimento será sempre a resposta ao ódio, à xenofobia, à exclusão; à guerra. A maior de todas as respostas e a que completa o Ser Humano é o Amor.
Apesar de tudo, ainda assim, escolho o Amor pá!
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