Todos apreciamos, nem que seja para auto-contentamento, assumir as 12 badaladas de 31 de Dezembro como um momento para esconjurar males passados e renovar a esperança num porvir mais auspicioso.

Sabemos todos que o Mundo e a Vida não recomeçam a cada dia 1 de Janeiro. Mas, no nosso imaginário, essa ideia de renovação da esperança ajuda-nos a viver melhor.

Porventura o que distingue o início deste ano de 2023 de outros anteriores é que parece que carregamos mais problemas que soluções e que, verdadeiramente, temos mais desejos do que expectativas fundadas de ver ultrapassado o muito que atormenta a humanidade.

Vivemos há quase um ano uma guerra sem sentido e não se antevê que o seu fim esteja para breve.

A Europa vê crescer forças políticas que querem derrubar os nossos regimes democráticos e parece não encontrar o antídoto. Nem com as respostas económicas essenciais, nem com a reconstrução programática aggiornada das famílias políticas que se posicionam dentro dos regimes democráticos.

Os países com governos autoritários continuam, salvo raras excepções, a movimentar-se nas instituições internacionais sem censura ou limitação.

O desejo e o combate pela liberdade, pelas liberdades, continua a condenar à morte homens e mulheres como nós que “apenas” querem ser livres.

Cimeiras e declarações sobre o clima continuam por se cumprir, o que vale por dizer que tudo se agrava a cada dia que passa.

A ideia de proliferação de comportamentos censuráveis, porventura passíveis de serem tipificados como crimes, vai-se espalhando pelo mundo, prestando um inestimável serviço aos que defendem soluções autoritárias de poder.

E, quando o novo ano começa, tudo parece estar por resolver e, mais preocupante, nada parece ter solução.

Tempos exigentes, tempos que impõem o exercício pleno da cidadania. Enquanto é tempo!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.