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“O Bloco de Esquerda fez uma avaliação estratégica do seu afastamento”, diz Duarte Cordeiro

Responsável pelas negociações do Governo com os restantes partidos, Duarte Cordeiro faz um balanço da aprovação do Orçamento do Estado para 2021 com muitas críticas a bloquistas e sociais-democratas.
11 Dezembro 2020, 08h55

Depois de um Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) viabilizado com voto contra do Bloco de Esquerda, o responsável pela negociação do Governo com os outros partidos mantém a convicção de que o diálogo pode ser retomado no futuro. Mas não poupa críticas ao ex-parceiro de “geringonça”.

Admite que a Assembleia da República não saiu beneficiada aos olhos do país daquilo que sucedeu na votação da proposta do Bloco de Esquerda para anular a transferência de 476 milhões do Fundo de Resolução para o Novo Banco?
Preocupa-nos a instabilidade que tal decisão projeta no OE2021. Os partidos votaram a favor de uma alteração que se traduz numa desorçamentação de uma verba que estava previsto transferir sem terem noção das consequências. Procurámos dizer que havia riscos associados, o que parece um pouco estranho, pois convivemos durante um conjunto significativo de anos com empréstimos públicos do Estado para o Novo Banco.

Independentemente de ter havido já apuramentos de auditorias e de a Procuradoria-Geral da República (PGR) se ter pronunciado e não se terem identificado matérias que indiciassem situações mais gravosa, e ainda assim os partidos terem pedido novas auditorias e o PS ter concordado com o princípio de uma nova auditoria e de o Governo concordar com a ideia de responder a solicitações dos partidos à nossa esquerda para retirar empréstimos públicos, quiseram sempre ir mais longe. Parece um concurso de popularidade para dizerem que procuravam responder às preocupações das pessoas.

Teria sido mais aceitável para o Governo se a proposta tivesse inscrita uma condicionalidade sobre a conclusão da auditoria?
Por exemplo. Tivemos o PSD a votar na proposta do Bloco de Esquerda sem nunca ter dito que concordava com a mesma. De forma clara, que todos antecipássemos, e sem eles próprios fazerem uma proposta. Concordo que se o PSD tivesse feito uma proposta não a faria nos termos do BE. Mas isso não o impediu de aprovar aquela e parece que o objetivo foi simplesmente criar desequilíbrio e instabilidade. Se há ano a que não queríamos acrescentar incerteza era este.

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