Antigamente, a função financeira numa organização tinha uma missão difícil mas circunscrita e fácil de descrever – simplificadamente, tomar conta dos números, assegurar que refletiam a realidade do negócio até ao mês anterior, e orçamentar com modelos históricos, que tipicamente não refletiam a dinâmica do mercado nem a urgência de adaptar planos pelo caminho.

A transformação atualmente em curso altera profundamente o contexto do Chief Financial Officer: o relacionamento entre as pessoas e entre as empresas torna-se mais digital; os dados abundam, bem como a informação que deles se pode extrair; as alterações climáticas, as convoluções demográficas, o crime informático e outros fenómenos globais geram riscos significativos; o escrutínio e a regulação exigem capacidades de controlo e de reporte sem precedentes. Esta transformação económica e social muda o que se espera do CFO e da sua equipa.

Em vez de mero aprovador, passa a ser conselheiro (7 em 10 executivos financeiros de topo reportam isso mesmo num estudo recente da EY). Em vez de registar e classificar o passado, passa a ter de entender o presente e prever o futuro. Em vez de apenas financeiro, passa a ter de combinar também tecnologia e pessoas.

Na tecnologia tem de considerar como pode a analítica avançada simplificar o registo e potenciar a previsão; como pode a robótica eliminar intervenção humana e redesenhar fluxos radicalmente; como mover sistemas para a nuvem traz agilidade e pagar-por-usar em vez de inflexibilidade e pagar-para-ver; como pode a inteligência artificial estender a capacidade humana e inovar no questionar dos dados; ou como pode o blockchain obliterar a falta de confiança e potenciar a partilha.

Estas oportunidades exigem que também repense o talento na função financeira: que encoraje a experimentação e o pensar fora da caixa; que combine a competência de análise financeira com as de relacionamento interpessoal e manuseio da tecnologia; que obtenha talento de múltiplas fontes, com vários regimes contratuais, desde o colaborador a tempo inteiro até ao biscateiro especializado, e que contemple variados planos de carreira.

É imperativo que o CFO defina a visão da financeira do futuro e que delineie a estratégia de tecnologia, bem como planeie os seus recursos humanos em conformidade.