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O Conhecimento, as Metamorfoses e o Fantástico Mundo de Hoje

O conhecimento superou diversas adversidades e permitiu-nos avanços civilizacionais sem paralelo. Sim, de um progresso inacreditável.
14 Outubro 2019, 07h15

De acordo com Alvin Toffler (1928-2016), investigador americano especializado em mudanças tecnológicas e singularidade, desde a década de 1970 estamos a viver a “Revolução da Informação” que se caracteriza, essencialmente, pela hegemonia do conhecimento.

Apesar disso, a importância atribuída ao conhecimento não é recente. Já na antiga Grécia, Platão reconhecia a relevância do conhecimento, referindo que apenas através dele seria possível captar a existência do mundo sensível – conhecido através dos sentidos, que não podia, por isso mesmo, transmitir um conhecimento totalmente verdadeiro – e do mundo inteligível – o da verdade, conhecido somente através da razão.

As teorias de Platão sobre conhecimento ficaram conhecidas como racionalismo transcendente. Isto significa que as ideias se originam a partir de uma experiência humana pré-terrena.

Já na nossa era, Karl Popper (1902-1994), renomado filósofo da ciência também considerou o conhecimento científico objetivo e a sua evolução racional. No entanto, segundo Popper, nunca poderemos saber se uma teoria científica é literalmente verdadeira, podemos, apenas, assegurar-nos que, até então, não foi provada como falsa ou errada. O avanço da técnica e das condições laboratoriais é que permitirão, na generalidade dos casos, confirmar as conclusões teóricas assumidas como verdadeiras.

Por outras palavras, o indivíduo, ao tentar encontrar a verdade e a razão, aproxima-se, também, do fundamento da Ciência. Isso porque ao ser confirmada verdadeira, a teoria corresponderá aos fatos e descreverá a realidade das coisas, mantendo-se independente de crenças, refletindo uma Ciência objetiva, tal como defende Popper.

Assim, a Ciência tende a progredir, devido à sua constante busca pela verdade e pelo conhecimento. Embora, como já referimos, a “verdade última” seja circunstancial e inalcançável.

Nesse sentido, importa, ainda, referir o filósofo da ciência Thomas Kuhn (1922-1996), dado que é contemporâneo e estudou o desenvolvimento histórico do pensamento racional humano, concluindo que uma teoria, por mais objetiva que seja, encontrará novos fundamentos para se alterar e constituir novas ideias no futuro.

Na lógica de Kuhn, o pensamento científico não é imutável, concluindo que as teorias, ao longo da História, foram substituídas ou complementadas por outras teorias que se aproximam mais da realidade que conhecemos. Como exemplo de substituição temos o geocentrismo substituído pela teoria do heliocentrismo, enquanto no caso da complementação temos a teoria da relatividade de Einstein aplicada ao mundo subatómico, pois não se encontravam respostas adequadas na teoria da gravidade de Newton.

Mas o conhecimento não é neutro, os exemplos totalitários pré e pós II Guerra Mundial, demonstraram que é vital que ande de braço dado com a democracia. Um caso paradigmático das consequências desse divórcio foi a perseguição dos nazistas aos intelectuais e escritores, que viram os seus livros amontoados e queimados nas praças de cidades alemãs. Tudo o que fosse crítico ou se desviasse dos padrões impostos pelo regime era considerado inconveniente, censurado e destruído. Albert Einstein, Stefan Zweig, Heinrich e Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria Remarque, Ricarda Huch, entre outros foram algumas das figuras mais proeminentes do conhecimento e da literatura perseguidas na época da Alemanha nazista.

O conhecimento superou diversas adversidades e permitiu-nos avanços civilizacionais sem paralelo. Sim, de um progresso inacreditável. Vamos fazer um pequeno teste aos nossos leitores em relação a algumas questões, para ver até que ponto estão (des)actualizados [1]. Para ajudar, damos 3 alternativas por pergunta (pergunta nº.h1; h2, h3).

Sabe qual a percentagem de raparigas que concluem a escola primária nos países de mais baixo rendimento, a nível mundial? (p1. 20%; 40% ou 60%). Nos últimos 20 anos, a proporção da população mundial a viver em pobreza extrema (p2. Praticamente duplicou; manteve-se aproximadamente a mesma; reduziu a metade). Qual é hoje a esperança de vida no mundo? (p3, 50 anos; 60 anos; 70 anos). Como evoluiu o número de mortes anuais derivadas de catástrofes naturais, nos últimos 100 anos? (p4. Mais do que duplicou; manteve-se o mesmo; reduziu para menos de metade). Qual a percentagem de crianças com 1 ano de idade a nível mundial que foram vacinadas contra algum tipo de doença? (p5. 20%; 50% ou 80%).

Na próxima edição voltaremos ao tema com a grelha de correção. Até lá, boas reflexões!

[1] fonte. Rosling, H. , FACTFULNESS, Hodder & Stoughton, 2018.

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