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O desenvolvimento e o nível educacional da população

A Economia da Educação tem sido uma fonte prolífica em estudos que nos permitem concluir com segurança que o investimento em capital humano está positivamente relacionado com a diminuição da desigualdade na distribuição de rendimentos, com a melhoria das condições materiais de vida, com a melhoria das relações sociais, com o aumento da criatividade e da produtividade, com o nível de empreendedorismo, e com o progresso tecnológico.
11 Junho 2019, 07h15

A educação é um dos fatores basilares do desenvolvimento. Consequentemente, para uma comunidade local, regional ou nacional poderem manter um nível de desenvolvimento elevado de forma sustentável a longo prazo, é necessário um investimento adequado, consistente e substancial em capital humano. A educação permite aprofundar o autoconhecimento, o conhecimento do mundo em que vivemos, e melhorar os atributos que nos permitem transformar esse conhecimento em bens materiais e imateriais com valor. Por outras palavras: a educação potencializa o nosso desenvolvimento, ou seja, a satisfação de necessidades cada vez mais elevadas na hierarquia das necessidades humanas.

A Economia da Educação tem sido uma fonte prolífica em estudos que nos permitem concluir com segurança que o investimento em capital humano – sobretudo a educação pré-escolar, o ensino escolar e superior, e a formação profissional – está positivamente relacionado com a diminuição da desigualdade na distribuição de rendimentos, com a melhoria das condições materiais de vida, com a melhoria das relações sociais, com o aumento da criatividade e da produtividade, com o nível de empreendedorismo, e com o progresso tecnológico.

Com tantas consequências positivas, eu diria que a educação é uma verdadeira panaceia social. Comecemos pelo caso das crianças mais vulneráveis. A rigidez da mobilidade social condena a esmagadora maioria das crianças que nascem em famílias desestruturadas ou pobres a manterem-se nessas condições por toda a vida. Mais anos de escolaridade e um ensino mais adaptado às suas necessidades são a forma mais eficaz de combater essa quase inevitabilidade. O mesmo remédio aplica-se aos trabalhadores com salários baixos, pois o aumento da produtividade é a via mais direta para o aumento salarial. O mesmo também para os desempregados, que com mais competências e escolaridade aumentam a probabilidade de arranjarem emprego. Enfim, a lista de melhorias sociais com mais e melhor educação é quase infindável. E não pensem os mais abastados que nada têm a ganhar com a maior educação dos menos abastados, pois os ganhos do investimento em capital humano não são apenas individuais, mas também sociais. Por exemplo, um rico vive melhor numa região com muitos e bons profissionais do que numa região com poucos e sofríveis profissionais, pois quando precisar de produtos e serviços com qualidade vai fazer-lhe diferença.

Então façamos o diagnóstico do que se passa na Região Autónoma da Madeira (RAM), começando pela estatística da taxa de abandono escolar precoce. Em 2017 a RAM era a 2.ª região com maior taxa de abandono, com mais de 21%, apenas superada pela Região Autónoma dos Açores. Refira-se ainda que esta taxa era 68% superior à média nacional, que se situava abaixo dos 13%.

Passemos agora para a taxa de analfabetismo, segundo os Censos. A RAM era em 2011 a 2.ª região com maior taxa de analfabetismo, com 7%, apenas superada pelo Alentejo. Esta taxa era 35% superior à média nacional, que se situava próxima dos 5%.

É razão para perguntarmos: de que estamos à espera para mudarmos as mentalidades sobre a necessidade de motivar e incentivar os jovens a prosseguirem os seus estudos? De que estão os decisores políticos à espera para desenharem e implementarem políticas mais eficazes na luta contra o abandono escolar precoce? Vamos continuar colocando a culpa de não sermos uma região mais desenvolvida nos outros ou vamos fazer da educação com qualidade e para todos uma verdadeira prioridade regional?

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