As eleições legislativas regionais estão aí à porta e como tal importa fazer um balanço do estado da região em 2023. Infelizmente em certos aspetos a região deixa muito a desejar. Ora vejamos, a saúde está a rebentar pelas costuras, registando o astronómico número de 118 mil atos médicos por realizar. As acessibilidades marítimas de carga continuam em regime de monopólio, sendo o frete marítimo por quilómetro 18% mais caro entre a Madeira e o Continente do que entre os Açores e o Continente “que não tem qualquer justificação nos seus preços” dizia Albuquerque em 2015. A botija de gás doméstico é muito mais cara na Madeira do que nos Açores. A infraestrutura portuária encontra-se concessionada a uma empresa que paga zero de renda anual quando deveria pagar cerca de 4 milhões por ano. A concessão da linha marítima de ferry entre a Madeira e o Porto Santo foi renovada, sem salvaguardar de forma digna o mês de fevereiro em que o Porto Santo fica praticamente isolado devido à manutenção do barco. A ligação de ferry entre a Madeira e o continente, que iria ser uma realidade “seja lá contra quem for, podem ter a certeza” contra quem for como dizia Albuquerque em 2015, ou “não abdicaremos da operação todo o ano, nem que custe 20 milhões” como dizia um deputado do CDS/PP Madeira antes de virar a casaca, é uma miragem, constituindo-se como a maior promessa falhada deste executivo regional.
A vassalagem prestada pelos agricultores à feudal da empresa pública da Banana, que paga 30 e poucos cêntimos por quilo de banana ao agricultor, quando esta é colocada à venda a 2,99€/kg em qualquer supermercado do território continental.
A crise na habitação, com um mercado imobiliário regional vocacionado para estrangeiros com grande poder de compra, com a construção de “dubais” e “residences” quando os residentes locais simplesmente não tem capacidade financeira para adquirir uma habitação própria, nem com recurso a crédito.
Um despesismo desmesurado das administrações públicas regionais, com nomeações a torto e a direito e viagens principescas da presidência do governo regional, que roçam a ilegalidade no que respeita às regras dos concursos públicos.
A descomunal dívida pública regional, em que cada madeirense teria de trabalhar mais de um ano de borla para poder pagar toda a despesa acumulada da administração pública regional.
O custo de vida…tendo a Madeira a particularidade de ser uma região insular ultraperiférica com o maior risco de pobreza do país, e a evidente falta de respostas do governo regional a esta temática, numa altura em que os madeirenses são apertados pela inflação e pelo aumento das taxas de juro.
Existe, contudo, turismo muito turismo, talvez até demais! Observam-se agora fenómenos que não se observavam antes como engarrafamento nos pontos turísticos, levadas sobrelotadas e campismo selvagem em locais protegidos, onde é proibida esta prática.
Assim se encontra o estado da região! Presumo que do ponto de vista da racionalidade estes sejam temas que interessam à população e alguns deles determinantes para o progresso económico e social da Madeira e do Porto Santo. Esperemos que o povo madeirense vote em consciência nas próximas eleições regionais.
Curiosamente foi publicada em conselho de ministros recentemente, uma proposta de lei sobre o voto em mobilidade para as próximas eleições europeias, mas deixa de parte esta modalidade para as eleições regionais da Madeira. Parece que os direitos não são iguais para todos. Uns são filhos e outros enteados!
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